Vivemos num país em que recusar um convite para beber uma cerveja ou um copo de vinho, é quase falta de educação. O álcool parece que o faz sentir bem, pelo menos até chegar a maldita ressaca, mas já se interrogou como é que uma bebida é capaz de o fazer? O The Independent explica, com ajuda de especialistas, os efeitos do álcool no cérebro. Ora veja:
Porque é que sabe bem?
Nem todas as bebidas alcoólicas sabem bem. Por norma, as bebidas que contêm mais açúcares são as preferidas. O facto de o etanol ser criado através da fermentação de açúcares também influencia o nosso consumo, uma vez que ativa partes do cérebro por via dos sabores doces. Por exemplo, estudos mostram que as pessoas que gostam mais de açúcar estão mais inclinadas a tornarem-se viciadas em álcool. No entanto, consumir etanol nem sempre é prazeroso. Se for consumido depois de naltrexona, uma substância que reduz a atividade opióide no cérebro, aumenta as reacções aversivas, e menos álcool é consumido.
Porque é que quer sempre só mais um copo?
A dopamina é a hormona responsável pelo bem estar e a precursora natural de adrenalina. O álcool – tal como outras substâncias que causam dependência – aumenta a produção desta hormona, o que o fará querer sempre mais uma bebida.
No entanto, após várias experiências em substâncias aditivas como o álcool, a produção de dopamina pode diminuir. Esta diminuição está associada ao risco de recaídas no alcoolismo.
Porque é que o faz sentir melhor?
O stress é mediado pelo eixo hipotálamo-pituitária-adrenal – um sistema de comunicação entre o cérebro e as glândulas pituitária e adrenal. Um grande consumo de álcool pode aumentar a produção de várias hormonas do stress, mas a reação do “stress” interage com os efeitos da dopamina, o que pode ser prazeroso.
Porque é que o torna mais desinibido?
O consumo de álcool é conhecido por reduzir o controlo inibitório no córtex pré-frontal – parte do cérebro associada à tomada de decisões e ao comportamento social – vindo mais sob o controlo de neurónios dopaminérgicos do mesencéfalo. Isto está associado à perda de autocontrolo e aumento da sociabilidade.
Porque é que o ajuda a dormir?
O álcool pode ajudá-lo a adormecer, mas não fará com que durma melhor, uma vez que diminui os estágios 3 e 5 do sono. O estágio 5, também conhecido como REM, é importante para o desenvolvimento de processos cognitivos, como a consolidação da memória, por isso, diminuir o tempo deste processo pode ter efeitos prejudiciais na memória, especialmente em memórias emocionais. O álcool afeta também a memória de longo prazo.
Porque é que alivia a dor?
Os sinais da dor são detetados pelos neurónios sensoriais, que passam a informação através de sinapses na medula espinhal até ao cérebro. Mas estes sinais podem ser “amortecidos” pelo álcool, dando a sensação que não sentimos dor.
Porque é que o álcool o aquece?
O álcool dá-lhe a sensação que está mais quente, uma vez que os termorreceptores localizados na sua pele detetam um aumento de temperatura através de um aumento da corrente sanguínea nos vasos localizados perto da superfície da pele. No entanto, o álcool diminui a sua temperatura corporal, pois a corrida de sangue para a superfície da pele significa que o seu corpo está a arrefecer. Pode sentir-se quente por fora mas está a esfriar por dentro.
O consumo de álcool também reduz a perceção de temperaturas frias, o que não está associado às mudanças da dilatação dos vasos sanguíneos mas sim a uma percepção cerebral.
