Consultar as mensagens de forma compulsiva, sentir necessidade de vaguear pelo Facebook, a espreitar as vidas, perfeitas, de utilizadores desconhecidos, deixar de usar a memória para guardar informação porque se confia totalmente no ‘amigo’ Google. Estes são alguns dos problemas identificados num estudo feito em Portugal e Espanha (600 pessoas e 2600, respetivamente), pela empresa de comunicação Guess What. A dependência já tem nome – tecnopatologia – e designação específica como: apneia do Whatsapp, depressão do Facebook, e síndrome do Google.
Todos nós nos reconhecemos nestes comportamentos. O problema é quando se ultrapassa a linha do razoável e a utilização passa a ser patológica. E um dos objetivos das Nações Unidas, ao estabelecer o dia 17 de maio como o Dia Mundial da Sociedade de Informação (antes era o Dia Mundial das Telecomunicações), é precisamente promover a reflexão em torno destas questões.
Um estudo da Universidade de Pittsburgh apurou que “quanto mais tempo os jovens adultos passam a usar as redes sociais (Facebook, Youtube, Twitter, Instagram…), maior a tendência para a depressão.” Entre as 1787 pessoas analisadas, dos 19 aos 32 anos, a média de tempo de utilização diária era de 61 minutos. “Há uma relação direta entre o uso das redes sociais e a depressão. O segredo é manter o equilíbrio e encorajar o uso positivo destas ferramentas”, recomenda-se num comunicado da Universidade americana.
Para o psiquiatra Tiago Reis Marques, “nenhuma destas condições é ainda reconhecida pelo meio médico. No entanto, o uso excessivo da Internet pode interferir negativamente nas relações interpessoais, e esses indivíduos podem apresentar fenómenos de tolerância bem como sintomas de abstinência, muito semelhantes aos que as pessoas com adição apresentam”. Um problema que compara com a dependência de videojogos, quando estes foram introduzidos há 20 anos.
Como em tudo, o segredo é usar com moderação.
Tome nota do nome das novas patologias:
Apneia do Whatsapp – consultar o Whatsapp de forma compulsiva, sempre à espera de ter recebido nova mensagem
Síndrome da chamada imaginária – Imaginar que se ouve o som do telefone a tocar
Nomofobia – Ansiedade e medo irracional da possibilidade de perder o telemóvel ou sair de casa sem ele
Síndrome do Google – deixar de usar a memória para recordar dados, por se confiar exclusivamente no Google
Depressão do Facebook – ver perfis de outros utilizadores para reduzir a tristeza e recordar momentos felizes do passado