A terra tremeu, e várias fendas se abriram no chão, levando parte da fachada da Basília de Montecristi, uma pequena cidade do Equador. O sismo que no domingo passado arrasou o país, atingindo a magnitude de 7,8, arrasando vários pontos do país, fez também pelo menos oito mortos naquela cidade, entre os mais de 500 que ao todo perderam a vida. Mas uma recente descoberta está a levar o ânimo ao povo que viu o país ruir à sua frente: um objeto manteve-se completamente intacto dentro da Basílica de Montecristi. E é a imagem da Virgem Maria.
Vestida de dourado e a usar uma pequena coroa, a estátua mede menos de um metro e chegou ao país num barco espanhol, no século XVI. Desde então, representou um papel importante na história da cidade. Primeiro, sobreviveu aos bombardeamentos dos piratas e tornou-se ponto de encontro para os católicos quando o governo, laico, expulsou os padres, umas gerações mais tarde. Desde então, todos os anos, em novembro, milhares de peregrinos atravessam o país para assistir às festividades de nove dias em sua honra. E quase todas as pessoas têm uma história com aquela estátua.
Agora, ao aguentar intacta depois do terramoto que arrasou o país, tornou-se um símbolo da persistência e de esperança. “É a mãe que tomou conta de nós neste tremor de terra”, disse já o reverendo Angel Toaquiza, o padre que está a olhar por aquela igreja desfeita, citado pelo New York Times, a considerar que o fenómeno é no mínimo um milagre. “Um sinal disso é o facto de não ter nem uma lasca.”
A comprovar isso há ainda a história de Dalinda Bravo, uma mulher de 28 anos da vizinha Portoviejo, prestes a ser ordenada freira. Estava sentada na igreja, como tantas vezes o fizera, a rezar à Virgem Maria, no momento em que o edifício ruiu. A imagem de São Pedro caiu logo e desfez-se em dois. A tomar café, do outro lado da estrada, o padre Toaquiza preparava-se para inicar a oração da manhã quando o terramoto começou. Para o sacerdote, não há dúvidas: “Foi outro milagre não estar já a decorrer a cerimónia”.