Foi dado como garantido nas últimas três décadas: a gordura faz mal e deve ser evitada para reduzir o risco de doenças cardiovasculares. Uma nova investigação vem, no entanto, dizer que a orientação médica nesse sentido nunca teve qualquer base científica.
Introduzidas há cerca de 30 anos, as diretrizes aceites globalmente recomendavam a redução da gordura a 30% do total de energia consumida e 10% no caso da gordura saturada. Um grupo de investigadores britânicos aponta agora o dedo a este papel de “vilã” atribuído à gordura e defende que a comunidade médica se distraiu de outros perigos para a saúde, como os hidratos de carbono.
Estes comentários fazem parte do estudo sobre os dados disponíveis na altura em que se estabeleceram aquelas orientações. “Parece incompreensível que aquele conselho alimentar tenha abrangido 220 milhões de americanos e 56 milhões de britânicos, tendo em conta os resultados contrários de um pequeno número de homens não saudáveis”, escrevem os cientistas no artigo publicado no jornal online Open Heart. E acrescentam: “O conselho alimentar não necessita apenas de revisão. Nunca devia ter sido introduzido.”
Alison Tedstone, nutricionista chefe na Public Health England, uma agência do ministério britânico da Saúde, considera que o trabalho “não critica o conselho atual sobre as gorduras saturadas mas sugere que o conselho foi introduzido prematuramente nos anos 80, antes de haver a base extensa de provas que existe hoje”.