“Nós apelamos a que o senhor primeiro-ministro, democraticamente, se sujeite a um instrumento parlamentar, que é a comissão parlamentar de inquérito, em vez de provocar uma crise política, que significará que vamos para eleições sem isto esclarecido”, afirmou Alexandra Leitão na conferência de imprensa de apresentação do requerimento para a constituição de comissão de inquérito potestativa para avaliar o cumprimento das regras por parte do primeiro-ministro na sequência do caso da empresa familiar.
A líder parlamentar do PS considerou que quem perde com esta crise política é “seguramente a democracia”, se o primeiro-ministro se apresentar a eleições “sem o esclarecimento cabal de um conjunto de situações que não é o PS apenas que levanta, são os outros partidos” e a comunicação social.
“Desde sempre o secretário-geral do PS tem repetido que não viabilizaríamos moções de censura, mas que não seja pedido um voto de confiança porque esse, em consciência, não podemos dar e portanto é a situação em que nos encontramos agora”, sublinhou Alexandra Leitão, insistindo que “esse escrutínio democrático [a comissão parlamentar de inquérito ]se possa fazer nesta legislatura”. “Seria muito melhor para o País, para o sistema, para o regime, para a democracia” se as eventuais eleições antecipadas acontecessem “com todos os esclarecimentos feitos”, defendeu.
“Aquilo que nós vamos ter, se o Governo não recuar na apresentação da moção de confiança, é partir para eleições num contexto em que não temos estes esclarecimentos feitos. E, portanto, não só isso vai ser tema na campanha como os portugueses serão chamados a votar sem ter todos os elementos sobre uma coisa crucial que é saber se regras de natureza ética, legal e até do próprio código de conduta do Governo foram cumpridas pelo primeiro-ministro que se apresenta novamente em eleições”, justificou.