Luís Montenegro acha que já deu todas as explicações sobre a sua vida patrimonial e a sociedade familiar. E não vê motivos para sair, quando “a crise política deve ser evitada”, mesmo que diga que não ficará “a qualquer custo” e que, por isso, deverá apresentar uma moção de confiança no Parlamento, se a pressão política se mantiver.
Numa declaração feita ao país em São Bento, às 20h, depois de uma muito curta reunião do Conselho de Ministros, Luís Montenegro vincou que está “em exclusividade” como primeiro-ministro, mas falou longamente sobre os serviços prestados pela Spinumviva, dando até muitos pormenores sobre a atividade da Solverde, uma das empresas que mantêm avenças com a sociedade familiar que criou e cuja quota passou à mulher com quem está casado em comunhão de adquiridos quando chegou ao Governo.
Sem dar novas explicações sobre os clientes da Spinumviva nem apresentar informações que justifiquem a forma como pagou a pronto dois apartamentos no centro de Lisboa por 715 mil euros, mais do que tinha declarado, Montenegro optou por se vitimizar.
Lembrando os dados que revelou no debate da moção de censura, afirmou que “como já se esperava, estes elementos não foram suficientes”.
“Nunca serão suficientes”, declarou o primeiro-ministro, atacando aqueles que, em seu entender, lançaram “insinuações para que o assunto nunca se encerrasse”.
“Este é um círculo vicioso que muitos desejam e de que muitos não desejam sair”, afirmou Montenegro, defendendo a legitimidade de manter em atividade a empresa, embora passando-a para os filhos, deixando a sua mulher de ser sócia.
“Nada disto tem que ver comigo”, insistiu, dizendo ser “trabalho puro” o que foi feito pela Spinumviva, como consultora, para a qual trabalham dois juristas próximos de Hugo Soares, o seu braço-direito”
“Nunca quem não quer perceber vai dizer que entendeu a explicação”, entende Montenegro, que diz que “ninguém descobriu nada” e que “está tudo” nas suas declarações de interesses, mesmo com as dúvidas suscitadas pela manchete deste sábado do Correio da Manhã.
Para Luís Montenegro, o importante é manter “o país em movimento”, com o que considera serem os bons resultados da sua governação, até porque nada lhe pesa na consciência. “Não pratiquei ninhem crime nem tive nenhuma falha ética”.
“Temos de confiar nas pessoas e nas instituições”, defendeu.