Pedro Nuno Santos anunciou na quinta-feira passada a abstenção do PS, mas isso não foi suficiente para dar como certo que o Orçamento do Estado para 2025 irá passar. É que os líderes do PSD nos Açores e na Madeira deixaram claro que os deputados do partido eleitos pelas ilhas só iriam votar a favor do documento caso houvesse ganhos de causa para estas regiões. Esta terça-feira, o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, e o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, tiveram uma reunião por Zoom com Miguel Albuquerque e José Manuel Boleeiro e, ao que a VISÃO apurou, as conversas estão bem encaminhadas.
A reunião terá sido essencial para dar garantias a Albuquerque e Boleeiro de que este Orçamento vai contemplar algumas das suas preocupações. A ser assim, será mais um dado para garantir a viabilização do documento que, depois de aprovado na generalidade, terá ainda uma discussão na especialidade, na qual muitos temem que votações cruzadas possam pôr em causa o saldo orçamental projetado por Miranda Sarmento.
O que pedem a Madeira e os Açores?
Uma das questões que estão em cima da mesa na Madeira tem a ver com os custos dos subsistemas de Saúde na região, que Albuquerque quer que comecem a ser assumidos por Lisboa (num total de 64 milhões de euros), outra tem que ver com o IVA e a aprovação da inscrição das empresas no Centro Internacional de Negócios da Madeira depois de 1 de janeiro de 2025, adiando o fim dos benefícios fiscais na Zona Franca.
No caso dos Açores, estão causa matérias como a reabilitação e reconstrução do atual Hospital do Divino Espírito Santo e a ampliação do aeroporto da Horta. Matérias que, sabe a VISÃO, poderão ser acomodadas neste Orçamento do Estado, mas de forma diluída, dividindo os valores em tranches até ao fim da legislatura.
A prova de força de Albuquerque
A reunião aconteceu poucos dias depois do Congresso do PSD, durante o qual o líder do PSD Madeira conseguiu mostrar o seu peso, depois de ter ameaçado chumbar o Orçamento.
Miguel Albuquerque está a braços com uma investigação judicial que fez azedar as relações com Luís Montenegro, por Presidente do Governo Regional da Madeira entender que Montenegro não tinha sido claro na sua defesa e por ter dito até que, nas mesmas circunstâncias, se demitiria da liderança.
Esse clima e a ameaça de chumbo ao Orçamento fizeram especular que Miguel Albuquerque poderia deixar de ser o nome indicado por Montenegro para presidir à Mesa do Congresso, um órgão importante no partido. A dada altura, circulou mesmo a informação de que Leonor Beleza poderia ser a pessoa escolhida para o lugar.
No entanto, Luís Montenegro optou por manter Miguel Albuquerque na Mesa do Congresso e Leonor Beleza subiu, sim à direção do PSD, mas para o lugar de primeira vice-presidente do partido, assumindo a tarefa que estava com Paulo Rangel, o ministro dos Negócios Estrangeiros, que passa agora a vogal, tal como os restantes vices de Montenegro que têm funções governativas.
Contactados pela VISÃO, nem Miguel Albuquerque nem José Manuel Boleeiro quiseram fazer comentários.