Com o à vontade de um cliente habitual, Rui Rocha entrou no “Moisés”, dirigindo-se de imediato ao lado interdito do balcão para cumprimentar quem lá estava. Abraçado aos funcionários, enquanto as câmaras de televisão e microfones serpenteavam por entre quem desfrutava o almoço, garantiu que, naquele espaço, se come o “melhor bitoque da cidade”, de Lisboa, e sugeriu ainda o pernil.
Depois de Faro, onde, segundo os relatos, a arruada lhe correu de feição, Rui Rocha repetiu a dose, em Lisboa, com saída perto do Saldanha, descendo a Avenida da República até ao Marquês de Pombal, acompanhado de perto pelo cabeça de lista por Lisboa, Bernardo Blanco, e Rodrigo Saraiva, atual líder parlamentar e número três da lista.
Mais atrás, procurando resguardar-se e até não ofuscando o atual presidente do partido, seguia Cotrim Figueiredo que, inadvertidamente, acabaria por causar uma fratura da caravana pedestre quando se manteve à conversa com o jovem Martim, que tinha acabado de simular o seu ordenado com “os impostos do PS” e com a “proposta da Iniciativa Liberal”. As televisões concentraram as atenções em Cotrim Figueiredo, o que obrigou a cabeça do pelotão a fazer um compasso de espera para que o ex-líder do partido desimpedisse o caminho da atenção mediática.
Antes de arrancar para a caminhada, Rui Rocha começou o dia com uma reunião na União das Misericórdias. No final, o líder pretendia falar, e defender, uma maior articulação entre as instituições sociais e o Serviço Nacional de Saúde, mas a atualidade é impiedosa: Paulo Núncio, vice-presidente do CDS e número quatro na lista da Aliança Democrática por Lisboa, tinha acabado de defender a realização de um novo referendo.
“A IL entende que o quadro legal é adequado, portanto, isso salienta também a necessidade de dar força à IL para que a transformação que desejamos seja uma transformação de futuro e não uma transformação no sentido do passado”, começou por dizer, garantindo que o seu partido não está disponível para nenhum acordo que envolva um “retrocesso”.
O tema das misericórdias continuaria ainda em segundo plano, porque Luís Montenegro, à entrada para Bolsa de Turismo de Lisboa, foi atacado com tinta verde. “Intolerável e condenação total. Quero aqui manifestar a minha solidariedade ao líder do PSD, Luís Montenegro”, afirmou Rui Rocha.
Ao fim de algum tempo, Rui Rocha lá conseguiria abordar o tema das misericórdias. Defendeu uma maior aproximação entre o setor social e o Serviço Nacional de Saúde, até para retirar pressão sobre este último, e propôs a criação de PPS: Parcerias Público-Sociais. Uma ideia a ser explorada no futuro, mas que poucos terão prestado atenção, devido à tinta verde.