Ano novo, partido novo. Este era o slogan de um dos primeiros cinco cartazes com que a Iniciativa Liberal (IL), em janeiro de 2019, se dava a conhecer aos portugueses. Os liberais apostavam, assim, não na habitual publicidade nos jornais ou em tempos de antenas para dizer ao que vinham, mas numa comunicação audaz e diferenciadora, paga com donativos obtidos através das redes sociais. Eis que, cinco anos depois – em que pelo meio se contam uma estreia inesperada no Parlamento e a quadruplicação de votos nas últimas legislativas –, a IL entrou num novo ano, mas com os mesmos males que afetam as velhas forças políticas nacionais.
A par de uma descida nas intenções de voto, em poucas semanas, que os põem a ser ultrapassados pelo Bloco de Esquerda e à tona da linha de água, abaixo da qual está a CDU e os mais pequenos, os liberais sob a liderança de Rui Rocha estão longe da ousadia pela qual se fizeram notar, principalmente, nas redes sociais e ganharam protagonismo. Nesse espaço de tempo, 25 membros, em que se incluem antigos conselheiros nacionais e também candidatos autárquicos, abandonaram o partido – um deles, Nuno Simões de Melo, rumou ao Chega, pelo qual vai ser candidato a deputado no círculo da Guarda. A deputada Carla Castro, que obteve 44% na corrida interna contra Rocha, em janeiro de 2023, já anunciou que não ficará no partido após as eleições de 10 de março. Enquanto os portugueses assistem a esta agitação, Rui Rocha mudou o visual, apesar de não ter conseguido, no último ano, alcançar os níveis de notoriedade do antecessor, João Cotrim Figueiredo. Afinal, o que se passa neste partido, que já levou um dos fundadores, Tiago Mayan Gonçalves, a pedir uma reflexão profunda (após as legislativas) sobre o que está acontecer?