Em abril, Filipe Melo, deputado do Chega eleito por Braga, garantiu ao Observador ter liquidado dívidas que, antes da sua eleição para o Parlamento, totalizavam mais de 120 mil euros, segundo admitira o próprio. “Está ultrapassado”, afirmou ele, na entrevista. Mas, pelo menos num caso, não é bem assim.
Durante cinco anos, o filho de Filipe Melo – sobrinho-neto do famoso cónego Melo – frequentou o Colégio João Paulo II, de Braga, graciosamente. Atendendo às necessidades especiais do menor, a instituição católica – onde a mulher de Melo trabalhou – fez ainda mais: durante dois anos, assumiu o pagamento de consultas e terapias da criança numa clínica com prestigiados médicos cubanos e manteve uma conta aberta para outras urgências relativas ao filho do deputado. A dívida está, pois, relacionada com esta situação, pois nem Filipe Melo nem a esposa cumpriram sequer a mensalidade com a qual se comprometeram por escrito com a instituição, no valor de 50 euros mensais.
No dia 24 de janeiro do ano passado, a Associação para o Desenvolvimento Pessoal e Social (ASDPESO), proprietária do Colégio João Paulo II, ligado à arquidiocese, intentou uma ação de cobrança contra o presidente da distrital minhota do Chega e a esposa, Isabel Vilaça, por uma dívida de 15 mil euros, acrescidos de juros. O casal, embora regularmente citado para liquidar a verba em causa, não contestou a dívida, o que, na prática, resultou em confissão.
A 19 de abril desse ano, o tribunal condenou Filipe Melo e a mulher a liquidarem o referido montante. Mas nada se alterou. A 20 de dezembro, a sentença foi executada e o vencimento de Filipe Melo enquanto deputado penhorado, soube a VISÃO junto de fontes da instituição.
Só a 11 de janeiro último, o eleito do partido de André Ventura acordou um pagamento da dívida em prestações durante cinco anos, no valor de 250 euros mensais, suspendendo a execução da penhora, pelo menos enquanto mantiver a liquidação regular do valor. O colégio perdoou-lhe, entretanto, os juros. Contactado pela VISÃO via telemóvel e por e-mail, Filipe Melo, que deu nas vistas na comissão parlamentar de inquérito à TAP, não respondeu às diversas mensagens enviadas.