Não houve vítimas mortais no grande incêndio que atingiu a serra da Estrela, em 2022, ao contrário dos trágicos incidentes de há quase seis anos – e isso, em qualquer balanço que viesse a ser realizado desde então, teria de se levar em conta como o maior feito dos agentes da Proteção Civil naquele que se transformou no sexto maior fogo rural desde que há registos. Porém, muitos dos graves problemas sinalizados por duas comissões técnicas independentes, relativamente à atuação das autoridades em Pedrógão Grande e a 15 de outubro de 2017, replicaram-se quase que a papel químico nos 28 mil hectares que arderam na maior cadeia montanhosa do País, no verão do ano passado.
Tal conclusão consta no relatório do grupo de 27 peritos a quem o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, ainda no rescaldo dos acontecimentos, pediu uma investigação ao que sucedeu, especificamente entre os dias 6 e 18 de agosto de 2022, na serra da Estrela – deixando de fora os fogos que se tinham registado em julho, naquela área. No documento, a que a VISÃO teve acesso e que vai ser alvo de análise, nesta semana, por parte dos vários atores do sistema integrado de proteção civil, são muitas as falhas sinalizadas, não só ao nível do combate aos focos de incêndio mas também relativamente às ações de prevenção (ou à falta delas).