A presidente executiva, Christine Ourmières-Widenere, e o chairman da TAP, Manuel Beja, foram afastados dos respetivos cargos pelo governo, na sequência das conclusões do relatório da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) ao caso da indemnização no valor de 500 mil euros paga à anterior administradora da companhia aérea, Alexandra Reis.
O anúncio foi feito, em conferência de imprensa, pelos ministros das Finanças, Fernando Medina, e dos Transportes e Infraestruturas, João Galamba. Medina admitiu que este caso “perturbou a vida da empresa e do país” e que “abalou a confiança dos portugueses na TAP e que, por isso, “era importante marcar este virar de página”.
Christine Ourmières-Widenere e Manuel Beja são, então, exonerados com justa causa e sem direito a indemnização. Apesar de destacar “os bons resultados” obtidos pela atual equipa de gestão, o ministro das Finanças anunciou que vai enviar para as conclusões do relatório do IGF para o Tribunal de Contas para o apuramento de eventuais responsabilidades financeiras dos administradores envolvidos. A restante administração mantém-se em funções, informou ainda Fernando Medina.
Tal como se esperava, o relatório do IGF concluiu “pela nulidade do acordo” que valeu a indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis, em fevereiro de 2022. Fernando Medina insistiu na necessidade de “repor a legalidade” neste processo e, portanto, a antiga administradora e ex-secretária de Estado do Tesouro vai ter de devolver cerca de 450 mil euros do dinheiro que recebeu. Contas com as quais, numa primeira fase, Alexandra Reis não terá concordado, mas depois de divulgado o relatório da IGF anunciou que vai mesmo devolver o valor indicado.
Apesar da insistência dos jornalistas, os ministros não indicaram quaisquer (novas) responsabilidades políticas, para além das já assumidas pelo anterior titular da pasta dos Transportes e Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, que se demitiu do governo em dezembro do ano passado.
O senhor que se segue: Luís Rodrigues
Luís Manuel da Silva Rodrigues é o senhor que se segue, com a missão de “virar a página”. O até aqui presidente da SATA passa a acumular os cargos de CEO e chairman da TAP, regresando a uma casa que conhece bem. A decisão será formalizada em breve pelo governo.
De acordo com o ministro João Galamba, a missão do novo líder da transportadora assenta em três principais objetivos: “Devolver confiança na TAP e a paz social e continuar a implementar com sucesso o plano de recuperação; conduzir o processo para a privatização da TAP; e conduzir com sucesso as relações com as estruturas sindicais e os trabalhadores da TAP e fechar acordos de empresa que vão ao encontro da sustentabilidade financeira futura da companhia”.
Luís Rodrigues estava à frente da SATA desde 2019. Antes, tinha sido administrador executivo na holding TAP e TAP S.A., presidente do Conselho de Administração da TAP Manutenção e Engenharia Brasil e administrador executivo na empresa SPdH – Serviços Portugueses de Handling, S.A. (entre junho de 2009 a dezembro de 2014).
Além da experiência na área da aviação comercial, Luís Rodrigues desempenhou funções de direção e chefia em várias empresas, como FISHER, Portugal Telecom, Media Capital Multimédia, TVI e Procter & Gamble.