Aos 16 anos, ganhava 90 contos (€450) por mês. “Era muito bem pago, fora as gorjetas. Ainda hoje há quem não ganhe isso.” Sorridente, o antigo nadador-salvador da praia de Espinho e novo líder do PSD chega ao encontro com a VISÃO às 8 e 35 desta segunda, 4, carregada de neblina. O tempo presta-se a analogias sobre o céu carregado e o mar encapelado que esperam Luís Montenegro, 49 anos, ao leme do partido, mas ele ainda saboreia a onda “laranja” dos dias anteriores. “A equipa que reuni nunca teve funções diretivas, até nisso é um tempo novo.”
Pouco dormiu, não teve tempo de ver, ouvir ou ler análises ao congresso do qual saiu com alta cotação, mas segue ágil pelo paredão, em direção às rochas onde as correntes marítimas, das quais conhece todas as manhas, são mais traiçoeiras. Aí chegado, mergulha nas memórias. “Era ali ao fundo, bem perto da chamada ‘bola Nívea’, que ficava o meu posto. Foram cinco anos, dos melhores da minha juventude”, assume. Pelo caminho, não faltou quem, da tribo do surf, lhe desse, à entrada da praia, um “passou-bem” efusivo e um “tu cá, tu lá” por conta dessas recordações. Montenegro nunca surfou, mas a compleição física não engana: sempre praticou desporto e, até há pouco tempo, era o ponta de lança da equipa de veteranos do Sporting de Espinho. Agora, joga golfe.