O ex-ministro da Economia António Pires de Lima, que anunciou no sábado a sua desfiliação do CDS, afirmou hoje que não deseja que “o partido morra”, mas que sai de “consciência tranquila”, procurando “recuperar” a sua “liberdade interior”.
Em declarações à agência Lusa, António Pires de Lima frisa que, apesar de ter tomado a decisão de se desfiliar do CDS “com muita dor e com muita tristeza”, está com a “consciência tranquila”, tendo saído não “no sentido de prejudicar o CDS”, mas apenas para “salvaguardar e recuperar” a sua “liberdade interior”.
“Não quero prejudicar o CDS, não desejo que o partido morra. Quero apenas recuperar a minha liberdade interior e eu hoje, domingo, já sou um homem livre”, afirma.
À semelhança do que já tinha feito no sábado, Pires de Lima reitera que “foi violado um dever sagrado pelo presidente do partido, que é assegurar que os militantes do CDS têm a liberdade de poder escolher em congresso quem deveria ser o presidente do partido”.
“Num partido onde não existe liberdade para escolher o seu presidente, eu estou a mais. É uma decisão que tomei e estou tranquilo”, diz, acrescentando ainda que, não tencionando “recomendar o voto” em Francisco Rodrigues dos Santos nas próximas eleições legislativas, deve “deixar de ser militante do partido”.
Questionado se, dado que a sua decisão de se desfiliar do partido se prende com a atual direção, ponderaria regressar ao CDS caso esta se altere, Pires de Lima afirma que não saiu do partido “pensando num regresso posterior”.
“É uma decisão que tomo sem cálculos, sem rede e, francamente, entendo que, depois de tudo o que se passou nos últimos anos no partido, e depois fundamentalmente daquilo que se passou nas últimas 48 horas no CDS, eu devo regressar à condição de independente”, afirma.
Retraçando o seu próprio percurso no CDS, que durou “mais de 30 anos”, o ex-ministro da Economia diz que tem “muita honra em ter participado” no partido, e tem “ótimas recordações” dos tempos em que foi, pelo CDS, “presidente da Assembleia Municipal de Cascais”, “presidente do Conselho Nacional” do partido e ministro da Economia, entre 2013 e 2015.
“Mas agora esse tempo passou e é olhar para a frente. É evidente que, depois de uma decisão destas, sente-se uma tristeza profunda, um vazio, mas também sei, por experiência própria, que, depois deste tempo de vazio, de certeza que novas opções surgirão. (…) Não tenho de morrer para a política pelo facto de ter deixado o CDS”, destaca.
No entanto, Pires de Lima recusa perspetivar onde é que essas “novas opções” se poderão concretizar, reiterando que não tem “cálculo nenhum” nem “rede nenhuma”.
“Aquilo que eu quero fazer durante os próximos anos é ser uma pessoa independente, fundamentalmente focada e centrada na minha vida pessoal, na minha vida profissional, mas é evidente que estou livre de, a partir de agora, poder votar em quem muito bem entendo, no espaço do centro e da direita democrática”, frisa.
Apesar de considerar que a direção de Francisco Rodrigues dos Santos tem cometido “atos que desqualificam a democracia interna do CDS”, Pires de Lima afirma não estar “em condições de estar a fazer comentários políticos sobre o futuro do CDS, 24 horas depois de ter deixado o partido”.
“O partido, de facto, noutros tempos e com outras direções, desempenhou um papel fundamental na vida da democracia portuguesa. Eu orgulho-me de ter feito parte de alguns desses momentos – é uma coisa que levo comigo, da minha história do CDS. O futuro do partido é agora construído pelas pessoas que decidiram ficar”, indica.
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