O Partido Socialista sai da primeira manhã da Convenção do MEL, nesta terça-feira, com as orelhas a arder. Mas João Cotrim de Figueiredo não poupou também nas críticas à própria direita, que tem “perdido por falta de comparência” nos temas mais queridos aos jovens, e ao PSD por se ter alinhado com o PS para passar no Parlamento o fim dos debates quinzenais e a lei que impunha restrições à candidatura de movimentos independentes nas Autárquicas (entretanto revista pelo PS).
O discurso – que arrancou à plateia um aplauso mais discreto do que o do nome do antigo líder do PSD Pedro Passos Coelho, presente como convidado – incidiu sobre os quatro eixos que o liberal considera que estão a deixar o País para trás – “nós por desatar”, segundo Cotrim. São eles:
- Estagnação económica. O deputado único da Iniciativa Liberal acusou os Governos dos últimos 25 anos de não terem atribuído a relevância necessária ao crescimento económico, fazendo com que o País fosse ultrapassado por Malta, Eslovénia, Estónia, Lituânia. Cotrim de Figueiredo criticou ainda “os sucessivos aumentos do salário mínimo nacional, que se tem vindo a aproximar do salário médio”, quando seria com este último “que nos devíamos estar a preocupar”.
Neste ponto, a carga fiscal também foi motivo de arremesso contra o Governo, que, de acordo com o líder da Iniciativa Liberal, se está a agarrar a “uma tábua de salvação chamada bazuca”. Um “fenómeno de dependência face à União Europeia”, feito “nas costas dos portugueses” e gerido por pessoas “que não têm qualquer relação com a economia real”.
2. Desalento Social. “Uma sociedade adormecida” com um “elevador social avariado”: é assim que o deputado vê o País, que deveria investir mais nas áreas sociais. Entre estas, o destaque foi para a Educação, com críticas muito fortes ao ministro Tiago Brandão Rodrigues, que ainda não apresentou um plano concreto para recuperar as aprendizagens que ficaram por fazer com a pandemia de Covid-19, defendeu. “Estamos a condenar uma sociedade inteira a não conseguir cumprir os seus sonhos”.
3. Cultura da desresponsabilização. O discurso seguiu com a nomeação de uma série de figuras envolvidas em polémicas recentes, em que “ninguém é culpado de nada”. Não poupou o Ministério Público “incapaz” de fazer acusações a José Sócrates na Operação Marquês; a ministra da Justiça na sequência dos casos do procurador europeu e o “campeão da fuga às responsabilidades”, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, que continua a reunir a confiança política do primeiro-ministro depois dos festejos do Sporting, da crise sanitária de Odemira, do caso das golas inflamáveis da Proteção Civil.
4. Estratégia a longo prazo. Para o fim, Cotrim guardou a ausência de um plano de longo prazo “ambicioso” sobre o destino do País. “O Governo não se prepara para o futuro. Tudo é navegação à vista com o intuito de ganhar as eleições seguintes”, acusou.