No Facebook, o presidente da Câmara Municipal de Ovar foi somando presenças de peso. Marcelo Rebelo de Sousa, Isaltino Morais (Oeiras), Rui Moreira (Porto) juntam-se, este sábado, a vários ministros (Administração Interna, Defesa) e a outras figuras da política local para assinalar o Dia do Município. Mas, de fora, além do CDS, estará também o Bloco de Esquerda, que, em comunicado, critica o que diz ser um “ato de promoção pessoal às custas do erário municipal”.
A “ausência institucional” anunciada já este sábado significa que o partido não terá representação oficial no evento que deverá juntar cerca de 200 pessoas e em que o Presidente da República é presença garantida, apesar das pressões para que não surgisse associado ao evento promovido pela autarquia, liderada pelo social-democrata Salvador Malheiro. Uma cerimónia que, diz o Bloco, “em nada beneficia a democracia e que parece esquecer a grave situação sanitária vivida no município devido ao Covid-19, congregando um grande número de convidados provenientes de diversas áreas geográficas”.
Convidado a estar presente, o deputado municipal Eduardo Ferreira informou a autarquia de não estaria presente por “motivos pessoais”. Confrontada com essa ausência, foi a própria concelhia de Ovar do Bloco de Esquerda que decidiu não enviar qualquer representação institucional para as celebrações do Dia do Município, pelos motivos que expôs no comunicado divulgado no Facebook.
Para a representação local do partido liderado por Catarina Martins, as comemorações deste ano do Dia do Município de Ovar traduzem-se num “ato de promoção pessoal às custas do erário municipal”, numa crítica dirigida diretamente ao autarca do PSD. Uma crítica na mesma linha das que já tinham sido feitas pelo deputado municipal do CDS, Fernando Camelo de Sousa, que resumiu o evento a um “momento de folclore político”.
“Vivemos tempos em que despesas excessivas não se coadunam com a debilidade da nossa economia e a fragilidade da nossa população”, defende agora o Bloco, lembrando que “o cerco sanitário penalizou fortemente” o concelho. Uma situação que deveria implicar “alguma sobriedade” nas celebrações deste ano. “Mesmo que dentro do orçamentado, não é moralmente admissível gastos em promoção pessoal e não do concelho, quando temos centenas e centenas de pessoas a viverem em condições miseráveis, quando temos micro, pequenas e médias empresas em situação de falência”, defende o partido, no mesmo comunicado.
Crítico da “sumptuosidade” do evento e do “aproveitamento mediático” em torno desse momento, o partido anuncia que não estará “presente institucionalmente” nas comemorações deste ano. Frente ao edifício da Câmara Municipal de Ovar, foi montada uma tenda transparente de grandes dimensões onde Marcelo Rebelo de Sousa deverá receber a Medalha de Ouro do município. É o reencontro de Marcelo com Salvador Malheiro, depois de, em julho, numa passagem do Presidente da República pelo concelho, o Chefe de Estado se ter referido ao autarca como um “herói” pela forma como lidou com a propagação da pandemia.
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O reencontro acontece também poucos dias depois de a Visão ter avançado a informação de que o Presidente da República estaria a estudar a possibilidade de chamar Salvador Malheiro para dirigir a campanha da sua recandidatura (ainda não confirmada) às presidenciais do próximo ano – uma informação que, em declarações à VISÃO, Marcelo nunca descartou. “Ainda não sei se serei candidato, quanto mais…”, limitou-se a dizer. Horas mais tarde, o mesmo Marcelo diria coisa diferente ao Expresso. ““Se eu for candidato, é seguro que não haverá diretor de campanha.”
[Notícia corrigida para clarificar que, ainda que “solidário” com a posição do seu partido, a ausência do deputado municipal Eduardo Ferreira do evento se deveu a motivos pessoais e que partiu da concelhia do Bloco de Esquerda de Ovar a decisão não se fazer representar institucionalmente na cerimónia]