O presidente do CDS recusou o convite de Salvador Malheiro para participar, este sábado, nas comemorações do Dia do Município de Ovar, apurou a VISÃO. O autarca, e vice-presidente do PSD, lançou o desafio a Francisco Rodrigues dos Santos depois de o deputado municipal centrista em Ovar, Fernando Camelo de Almeida, ter protestado contra o que considera um “folclore político” no concelho. Fonte próxima do líder do CDS diz à VISÃO que Rodrigues dos Santos não estará presente no evento que conta com as presenças do Presidente da República, do ministro da Defesa e, entre outros, dos presidentes da Câmara do Porto e de Oeiras.
A polémica com o vice de Rui Rio nasceu depois de, esta segunda-feira, 20, Camelo de Almeida se ter recusado participar na cerimónia do próximo sábado. No Facebook, o deputado municipal do CDS explicou os motivos da ausência: “Protesto contra o folclore político que se tem visto em Ovar, que nos associa à Covid-19 e apenas tem beneficiado o interesse pessoal do presidente da câmara; protesto pelo facto de Ovar ainda não ter beneficiado de medidas especiais de apoio que eram elementares, tendo em conta o facto de termos vivido em circunstâncias excecionais.”
A publicação somou rapidamente mais de 30 comentários e ultrapassou a centena de likes, entre os quais os de destacados dirigentes do CDS, como Telmo Correia, líder da bancada parlamentar, e Nuno Trindade Gusmão, vice-presidente da distrital centrista de Lisboa. Em reação, também nas redes sociais, Salvador Malheiro considerou “completamente infundados” os motivos apresentados por Camelo de Almeida e passou ao ataque: “Por acreditarmos que nem todo o povo vareiro, que é militante ou simpatizante do CDS – Partido Popular, se revê nesta tomada de posição, endereçamos, ao Sr. Dr. Francisco Rodrigues dos Santos, Presidente do CDS – Partido Popular, o convite para, se assim o entender, estar connosco no próximo sábado, em representação do seu partido.”
Mas Rodrigues dos Santos entendeu que não. Fonte próxima do líder do CDS justifica a recusa com o modelo que o evento – geralmente pensado para homenagear figuras com algum tipo de ligação a Ovar – acabou por assumir, com as presenças de autarcas de vários pontos do país e de diferentes famílias políticas, mas sem afinidades conhecidas com o município.
À VISÃO, Fernando Camelo de Almeida aponta, em particular, a Isaltino Morais, presidente da Câmara Municipal de Oeiras. “Depois de ter pedido que se instalasse um cerco sanitário à volta de Lisboa, não faz sentido convidar personalidades como Isaltino Morais, porque isso só contribui para o folclore político e para o mediatismo [de Salvador Malheiro] quando aquilo de que Ovar precisa é de medidas concretas”, defende o deputado municipal. O “grito de alerta” de Camelo de Almeida surge “quatro meses depois do primeiro cerco a Ovar” e num momento em que “o comércio local está sufocado”.
O “herói” Malheiro
Marcelo Rebelo de Sousa será uma das figuras presentes nas comemorações. O momento vai servir, também, para que lhe seja entregue a “Chave de Ouro do Município”, um gesto que acontece dois meses depois de o Presidente da República ter visitado Ovar e de se ter referido ao autarca social-democrata como um “herói”, pela forma como lidou com a crise sanitária no seu concelho. “Nunca nunca desistiu, nunca se resignou, não teve um momento de desânimo, foi de uma coragem ilimitada”, enalteceu Marcelo.
Agora, Marcelo volta a Ovar e terá ao seu lado uma frente ampla de sensibilidades políticas – desde os independentes Rui Moreira (presidente da Câmara do Porto) e Isaltino Morais (autarca de Oeiras e ex-social-democrata) ao presidente da câmara de Albergaria (o centrista António Loureiro), ao ministro da Defesa João Gomes Cravinho e ao bispo da diocese do Porto, Manuel Linda.
O Presidente da República tem remetido o anúncio da sua recandidatura para o final deste ano (dezembro foi a última data indicada), mas os múltiplos encontros com personalidades da sua família política – a que se junta o do próximo sábado – têm sido interpretados como um aquecer dos motores para uma campanha que, a acontecer, será feita em modo pandémico: pouco tempo de rua, exposição reduzida e meios mínimos à sua volta, à imagem da corrida de há quatro anos.