“Uma esferográfica especial, que tem duas cores: a cor encarnada, para poder continuar a assinalar os nossos erros e os erros da governação socialista; e a cor preta, para poder assinar a próxima tomada de posse, como todos nós desejamos.” Foi desta forma, e depois de entregar a Passos Coelho uma caixa onde se encontrava uma caneta bicolor, que Paulo Ribeiro encerrou a cerimónia de tomada de posse como presidente da concelhia de Lisboa do PSD. O mistério ficou no ar… A que se estaria a referir com a expressão “próxima tomada de posse”? Estaria a desafiar o ex-primeiro-ministro a regressar a líder dos sociais-democratas? Estaria a insinuar que seria uma boa opção voltar a chefiar o Governo? Ou estaria já a pensar numa futura corrida a Belém? A VISÃO falou com Paulo Ribeiro para perceber o que quis realmente dar a entender.
Sem querer especificar muito, e evitando explicar o motivo pelo qual falou numa futura tomada de posse de Passos Coelho, Paulo Ribeiro esclareceu que a oferta da caneta “era sobretudo uma metáfora para assinalar que a porta do partido estará sempre aberta para o seu regresso.” Os moldes em que Passos Coelho voltará à política, diz, vão depender “da vontade do próprio e do momento em que escolher fazê-lo”, antevê aproveitando para chutar o tema para canto, preferindo deixar o ónus do lado do líder cessante do partido.
Sorridente, Passos Coelho recebeu a prenda com boa disposição e a audiência presente na sala aplaudia de forma entusiasta o gesto simbólico. Segundo Paulo Ribeiro, o presidente do PSD “ganhou muito crédito dentro do partido e o país também irá reconhecer o seu mérito.” Uma visão que entronca na sua previsão de um regresso político do líder que ainda não saiu mas que parece já deixar saudades entre alguns militantes.
O curioso momento teve lugar esta quinta-feira na cerimónia de tomada de posse da nova direção da concelhia de Lisboa dos sociais-democratas. A eleição de Paulo Ribeiro aconteceu na mesma noite em que Rui Rio foi escolhido pelos militantes do PSD como próximo líder do partido, no passado 13 de janeiro. A sua vitória foi vista como uma das pequenas vitórias de Santana Lopes, já que o novo líder da concelhia da capital foi um dos apoiantes do candidato derrotado. Apesar de ter manifestado preferência pelo ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, garante que “vai colaborar com o novo líder” mas avisa que não vai deixar de criticar “quando tiver de o fazer.” Um sinal de que Rui Rio vai ter de convencer os dirigentes lisboetas a seguir a sua estratégia.