Esta manhã, um simples computador portátil com webcam e uma plataforma de telemedicina chamada Mediagraf permitiram que pacientes de São Tomé, que se encontravam no Hospital Dr. Ayres de Menezes, pudessem ter um diagnóstico de otorrinolaringologia à distância. Em Lisboa, dois médicos – João Paço, otorrinolaringologista e diretor clínico daquela unidade hospitalar na CUF Infante Santo, e Paula Campelo, médica da mesma especialidade – puderam visualizar em tempo real as imagens das diferentes estruturas do ouvido e da garganta dos pacientes, dando orientação para a realização de exames, para os tratamentos que deveriam ser prescritos ou fazendo o encaminhamento, quando necessário, para posterior cirurgia.
As consultas à distância estão englobadas no projeto “Saúde para Todos”, financiado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros através do Camões – O Instituto da Cooperação e da Língua, e executado pelo Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF), em coordenação com as autoridades de saúde de São Tomé. O projeto de cooperação é desenvolvido há 25 anos. Além das consultas à distância, há equipas de médicos de vários hospitais que se voluntariam para prestar apoio médico em São Tomé: ao todo, são desenvolvidas missões em 23 especialidades com médicos e enfermeiros de 27 hospitais e outros estabelecimentos de saúde portugueses. Em São Tomé há falta de médicos de diversas especialidades.
Esta manhã, pela primeira vez fizeram-se consultas de otorrinolaringologia, em direto, entre São Tomé e Lisboa. Estiveram presentes o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Teresa Ribeiro, o presidente do conselho de administração da José de Mello Saúde, Salvador de Mello. A partir de São Tomé acompanharam a iniciativa a ministra da Saúde e dos Assuntos Sociais de São Tomé e o presidente do conselho de administração do IMVF.
A plataforma de telemedicina Mediagraf foi desenvolvida pela ONG Instituto Marquês de Valle Flôr – IMVFE e pela PT Inovação. Tem sido usada em especialidades como oftalmologia, cardiologia, anatomia patológica ou imagiologia, e permite que médicos em Portugal consigam avaliar e diagnosticar pacientes a quilómetros de distância, sem precisarem de se deslocar. A tecnologia permite que os especialistas tenham já nas mãos um diagnóstico dos pacientes quando seguem para São Tomé para os operar. Permite ainda, por exemplo, que o pós-operatório seja acompanhado pelo médico, a partir de Lisboa.
Entre março de 2013 e dezembro de 2015 foram feitos mais de 55 mil exames a santomenses recorrendo a esta via da telemedicina.