Renegociação da dívida pública. O tema foi deixado fora das posições conjuntas que o PS assinou com a sua esquerda para ser Governo, mas não foi esquecido. É o tema quente do léxico político no momento. E António Costa não foge dele na moção estratégica que leva ao Congresso do PS no mês de Junho. Quer uma “uma parcial e progressiva mutualização europeia das dívidas” soberanas. Não adianta mais, mas está em linha com aquilo que já esta semana foi defendido pelo seu secretário d Estado dos Assuntos Parlamentares. Pedro Nuno Santos disse na RTP que a “dívida tem que ser negociada, reestruturada para reduzir os encargos anuais. Mas sempre no quadro europeu”.
É mais uma vez no “quadro europeu” que tem estado a grande diferença entre António Costa e PCP e BE. Para os partidos que suportam o Executivo a dívida tem que ser renegociada, mesmo que seja preciso abrir um confronto com a Europa. E é esse “confronto” que o secretário-geral do PS rejeita mais uma vez nesta moção, explicando, ainda assim, que “há mais para escolher entre obediência e subserviência”. E é na defesa do interesse nacional que o PS se promete bater nas insitutições europeias.
Ainda neste plano, António Costa aponta o dedo às “insuficiências” da União Económica e Monetária – que esta “inacabada e, por isso, disfuncional” – e defende que é preciso dissolver, aos poucos, o atual Mecanismo Europeu de Estabilidade, criando em alternativa um verdadeiro Fundo Monetário Europeu, com dinheiro para apoiar os estados membros quando o acesso aos mercados se complica.
Costa diz também que é preciso “contrariar o recurso a offshores e paraísoso fiscais não colaborantes”.
Olhando ainda para o plano externo, mas agora nas relações com os países de língua oficial portuguesa, o líder do PS, sem nunca referir o caso específico de Angola, diz que a “História e os laços políticos e culturais de Portugla devem suscitar sensibilidade acrescida” nessa cooperação.
Internamente, o namoro é total com a sua esquerda. António Costa está empenhado em levar a bom porto os acordos parlamentares que o sustentam no poder. Lança farpas várias à direita e elogios múltiplos à esquerda, assumindo total “determinação em honrar os compromissos eleitorais e os acordos celebrados” e propondo-se “aprofundar os mecanismos de diálogo, negociação permanente e trabalho conjunto” com Bloco de Esquerda, PCP e Verdes.
Garante que nos últimos meses “o PS fez o que tinha que fazer” e aponta várias provas superadas, sobretudo ao nível da política de recuperação de rendimentos.
Para o futuro do partido há dois objetivos muitos claros: vencer as regionais dos Açores em Outubro e, em 2017, as eleições autárquicas. Nestas últimas, a estratégia é recandidatar os atuais autarcas socialistas, mas são admitidas alianças e apoio a movimentos cívicos ou independentes.