O tema – a relação entre o público e o privado na área da saúde – é atual e encaixa no perfil do homem apontado para assumir a liderança do ministério se António Costa formar governo.
Na tese defendida no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), na passada quarta-feira, 18, Adalberto Campos Fernandes analisou as consequências do crescimento do setor privado no Serviço Nacional de Saúde (SNS): “Há efeitos positivos e ganhos de eficiência, mas o crescimento do privado não significou necessariamente melhoria da saúde”, disse à VISÃO o médico e gestor hospitalar, coordenador do PS para a área da saúde e apoiante de António Nóvoa à presidência, integrando a comissão de candidatura.
A investigação, que implicou mais de 400 questionários e cem entrevistas, analisa o período entre 1983 e 2013. Para concluir que “o setor privado contribuiu para reduzir as dificuldades de acesso e reduzir as listas de espera”, mas “não as resolve”, nomeadamente no interior, onde a “dependência do público é muito forte”.
Apesar das falhas, Adalberto Campos Fernandes defende que deve haver sinergias e cooperação, não competição entre o setor privado e o SNS. A tese intitulada “A combinação público-privado em saúde: impacto no desempenho no sistema e nos resultados em saúde no contexto português”, segue a perspetiva do autor sobre a necessidade de os serviços privados crescerem em função do que for melhor para o SNS.
Professor na Escola Nacional de Saúde Pública e presidente da comissão executiva do Serviço de Assistência Médico-social dos Trabalhadores da Banca (SAMS), Adalberto Campos Fernandes passou também pelo Hospital de Cascais e pelo Hospital de Santa Maria, onde iniciou fortes reestruturações em 2005.
Já nessa altura se falava no seu nome para substituir Correia de Campos à frente do ministério da Saúde do governo Sócrates, mas a pediatra Ana Jorge acabaria por ser a escolhida.
Agora, António Costa escolheu-o para coordenar a área da saúde. Mas, quando questionado sobre o seu futuro político à frente de um ministério liderado por um eventual governo socialista, Adalberto Campos Fernandes, 56 anos, diz apenas: “Sobre isso, not a word” [nem uma palavra].