A política só entrou na vida de Aníbal Cavaco Silva depois do 25 Abril de 1974, quando aderiu ao então PPD, de Francisco Sá Carneiro, de quem era um admirador.
Foi precisamente no Governo de Sá Carneiro (1980-1981), que viria a ocupar o primeiro lugar de destaque na vida política, assumindo a pasta das Finanças, já depois de ter passado pelo gabinete de estudos do PSD.
A primeira experiência governativa havia, contudo, de ser curta, com o fim ditado pela morte de Sá Carneiro, a 04 de dezembro de 1980, e a posterior crise na Aliança Democrática (AD).
Aliando-se a Eurico de Melo na oposição a Pinto Balsemão, Cavaco Silva foi depois deputado (1980) e presidente do Conselho Nacional do Plano (1981-1984).
Em 1985, vai fazer a ‘famosa’ rodagem ao seu Citroen BX e entra no congresso da Figueira da Foz para disputar a liderança do PSD com João Salgueiro, que acaba por ganhar de forma surpreendente.
Em menos de um ano rompe a coligação com o PS (Bloco Central), que tinha sido negociada por Mota Pinto, entretanto falecido, e provoca eleições antecipadas.
Na primeira vez que vai às urnas, Cavaco Silva vence com uma maioria relativa e forma o seu primeiro Governo, um executivo minoritário que cai ao fim de dois anos com uma moção de censura apresentada pelo PRD no Parlamento.
Apresentando-se novamente a eleições, Cavaco Silva arrecada a primeira maioria absoluta do pós-25 de Abril, que repete nas legislativas de 1991.
Ao longo dos dez anos que esteve em São Bento, o então primeiro-ministro tinha como interlocutor em Belém Mário Soares, numa co-habitação nem sempre fácil, mas que conheceu os momentos de maior tensão já no final do seu mandato.
Em 1994 foi também a altura do primeiro grande “tabu” de Cavaco Silva sobre uma hipotética recandidatura nas legislativas do ano seguinte. Dúvidas só desfeitas muito próximo das eleições, quando deixou a liderança do PSD para Fernando Nogueira.
Já em 1996 decide avançar com uma candidatura à Presidência da República, acabando por perder para o socialista Jorge Sampaio.
Desde essa altura até 2005, quando decide voltar a entrar na ‘corrida’ a Belém, esteve afastado da política ativa, quebrando pontualmente o silêncio com intervenções em seminários e colóquios ou escrevendo artigos em jornais.
A 22 de janeiro de 2006 chega, então, ao mais alto cargo da magistratura portuguesa, numa vitória à primeira volta.
A par da política, outras duas coisas são indissociáveis da vida de Cavaco Silva: a economia e a família.
Nascido em Boliqueime, a 15 de julho de 1939, foi no Algarve que viveu até à juventude e onde passou por momentos que até hoje continua a recordar, como o ano em que chumbou no terceiro ano da Escola Comercial e teve como castigo “ir cavar milho” na horta do avô ou os primeiros passeios na praia dos Olhos de Água com aquela que anos mais tarde viria a ser a sua mulher, Maria Cavaco Silva.
Em 1964, licenciou-se em Finanças no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (ISCEF), com uma média de 16 valores, e poucos dias depois do casamento com Maria Cavaco Silva, partiu para Moçambique, onde cumpriu o serviço militar obrigatório, como oficial miliciano da Administração Militar.
A carreira docente é iniciada em 1966, como assistente do ISCEF, mas dois anos depois Cavaco ingressa na Universidade de York (Reino Unido), onde, em 1973, faz o doutoramento.
Regressado a Portugal, foi professor auxiliar no ISCEF (1974), professor na Universidade Católica (1975), professor extraordinário na Universidade Nova de Lisboa (1979) e diretor do Gabinete de Estudos do Banco de Portugal.