Ao velho e eterno dilema entre manteiga e canhões, o general Frederik Vansina, chefe das Forças Armadas da Bélgica, deu na passada semana uma resposta que dispensa grandes interpretações: “Não estamos em tempo de guerra, mas é difícil afirmar que ainda estamos em tempo de paz. Estamos entre os dois.” Numa entrevista ao diário Le Soir, o prestigiado piloto-aviador alertou os seus compatriotas a “tomarem consciência” para os perigos que se adivinham e deu-lhes ainda alguns conselhos práticos, como o armazenamento de víveres, de água, de medicamentos, de dinheiro vivo, para o que der e vier.
Este militar, que não é conhecido por ser pessimista ou alarmista, evita conjeturar sobre cenários distópicos e ainda menos que o Kremlin provoque um apocalipse nuclear ou lance paraquedistas e tropas especiais sobre Bruxelas, à semelhança do que ocorreu há 1 100 dias em Kiev. No entanto, não descarta que haja cada vez mais ciberataques e fenómenos bélicos híbridos contra o seu país, que acolhe as principais instituições da União Europeia (UE) e serve também, desde 1967, de quartel-general da NATO (Londres e Paris foram anteriormente a sede política e administrativa da Aliança Atlântica).
