Nada como uma frase laudatória para entusiasmar uma audiência: “A Polónia assume o comando da União Europeia no momento mais oportuno. Na realidade, a vitalidade da democracia polaca e o sentido de identidade reforçam o conjunto da União Europeia.” Eis as palavras de António Costa, na cerimónia de gala de 3 de janeiro, na sala do Grande Teatro Wielki, em Varsóvia, que assinalaram o início formal da presidência rotativa da UE pela Polónia e mereceram um forte aplauso. A começar pelo anfitrião do antigo primeiro-ministro português e atual presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. O governante liberal-conservador que lidera desde o final do ano passado uma geringonça de largo espectro ideológico (socialistas, democratas-cristãos, ambientalistas, nacionalistas católicos…) quer que a Polónia seja um “exemplo” para o clube comunitário, por ter a “experiência” e a “sabedoria” para o fazer. António Costa concorda e, em declarações ao diário belga Le Soir, considera um “privilégio” contar com “os conselhos e a amizade de Donald Tusk” – por este último ter desempenhado, em Bruxelas, entre 2014 e 2019, as mesmas funções que o antigo líder do PS.
Como escreveu Marc Bassets no El País, “a natureza sente horror ao vazio (…) e o vazio que França e a Alemanha estão a provocar com as suas respetivas crises políticas começa a ser preenchido pela Polónia, talvez chamada a ser a potência central da nova Europa. Para reivindicar a liderança – ou ‘assumir responsabilidades’, como preferem dizer em Varsóvia – este país fronteiriço com a Ucrânia em guerra exibe vários trunfos”.
