Encontrar um novo planeta com características semelhantes às da Terra é o objetivo de muitos astrónomos e, de facto, foi recentemente descoberto um corpo celeste coberto de água. Só que esta está em ebulição.
Imagens captadas pelo telescópio espacial James Webb da NASA (JWST), que está em órbita desde 2022, fez os astrónomos observarem um planeta (que recebeu o nome TOI-270 d) com um raio duas vezes maior do que o da Terra, a 70 anos-luz de distância, que pode estar coberto por um oceano de águas quentes e profundas, sobre um fundo rochoso. Segundo um estudo publicado pelos investigadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, na revista Astronomy and Astrophysics Letters, os dados revelam vestígios de vapor de água, de metano, hidrogénio e de dióxido de carbono na atmosfera, uma mistura química que deixa perceber um ambiente aquático.
Segundo o professor de astrofísica Nikku Madhusudhan, este novo “oceano pode ter uma temperatura superior aos 100ºC” o que, juntamente com a elevada pressão atmosférica que se registou, torna este planeta “não habitável” por vida humana.
Madhusudhan explica que este novo planeta tem uma rotação sincronizada, o que faz com que um dos lados esteja permanentemente voltado para a estrela em torno da qual orbita, enquanto o outro está sempre na escuridão, o que provoca um grande contraste de temperaturas. “O oceano será extremamente quente do lado diurno, enquanto o lado noturno pode ter condições mais habitáveis”. Ainda assim, a pressão atmosférica aparenta ser dezenas ou centenas de vezes superior à da Terra.
Enquanto os cientistas de Cambridge afirmam que o novo planeta está coberto de água em estado líquido, uma equipa da Universidade de Montreal, no Canadá, que fez observações adicionais ao mesmo planeta, considera que a existência de água no estado líquido é improvável por o TOI-270 d estar, possivelmente, a uma temperatura de 4000º C. Os cientistas do Canadá defendem que o corpo celeste tem uma superfície rochosa sob por uma atmosfera muito densa composta por hidrogénio e vapor de água.
Jo Barstow, astrónoma da Open University do Reino Unido, não esteve envolvida neste trabalho, mas destaca a importância de ambas as equipas que analisaram os dados terem “chegado à mesma composição química” deste novo planeta. “É emocionante, pois falamos de um ambiente totalmente novo e para o qual não há equivalente o Sistema Solar”, afirmou sobre as informações captadas pelo JWST.