O ano que está agora a terminar ficou marcado por várias situações tensas. Para exemplificar, 2023 foi o ano em que a guerra na Ucrânia continuou, em que o conflito na Faixa de Gaza atingiu proporções devastadoras, em que o governo português caiu e a Terra atingiu temperaturas com os valores mais elevados de sempre.
Ao olhar para os últimos meses, pode-se sentir que 2023 teve pouco de positivo, mas felizmente não é bem assim. É que este ano ficou também marcado por importantes desenvolvimentos científicos nas áreas da investigação e da medicina.
Nova vacina para combater a malária
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou, em outubro, uma nova vacina contra a malária que é mais acessível do que a única alternativa que até então existia. Segundo a OMS, cada dose desta vacina deverá custar entre 1 euro e 80 cêntimos e 3 euros e 60 cêntimos. A administração de três doses no período de um ano diminui em 75% os sintomas de malária. A vacina deverá estar disponível em meados de 2024.
Só em 2021, mais de 600 mil pessoas morreram de malária, sendo que as crianças com menos de 5 anos representam 80% das mortes por esta doença em África.
Descobertas na prevenção da demência
A demência tem gerado grandes preocupações nos países com população mais envelhecida. Apesar de ainda não haver cura para esta doença, este ano foi publicado um estudo sobre fatores de risco e possibilidades de prevenção. Está então provado que um estilo de vida com atividade física e mental regular, uma dieta variada e saudável e o convívio social ajudam a prevenir perdas de memória. Os investigadores demonstraram também que o uso de dispositivos auditivos diminui o declínio cognitivo para metade, além de que viver perto de espaços verdes está associado a menor taxas de admissão hospitalar por doença, incluindo casos de demência.
Proteção dos oceanos
Em maio de 2023, mais de 190 países assinaram um acordo com vista à proteção da biodiversidade dos oceanos fora de fronteiras nacionais. Este tratado foi concluído após mais de duas décadas de conversações. Um mês depois, as Nações Unidas adotaram as medidas defendidas no acordo que tem como objetivo a saúde do planeta.
Recorde-se que apenas 1,2% do oceano estava protegido, o que colocava em risco grandes extensões de alto mar. O aumento das temperaturas, a pesca excessiva, a poluição e a exploração mineira estão entre as ameaças que mais preocupam cientistas e ecologistas. O acordo assinado em 2023 permite a criação de novas áreas de proteção marinha, mas os estados membros da ONU ainda têm de adotar formalmente o acordo para que se possa dar início ao processo de designação dessas zonas.
Diminuição da desflorestação no Brasil
Em 2022, a taxa de desflorestação da Floresta Amazónica atingiu valores máximos dos últimos 15 anos. Este ano, com a tomada de posse da Lula da Silva como presidente do Brasil, as autoridades expulsaram exploradores ilegais de terras indígenas e, segundo dados do governo daquele país, a desflorestação caiu em 50%.
Recorde-se que Lula da Silva anunciou o objetivo de acabar com a desflorestação até 2023, uma meta considerada improvável por muitos devido aos planos que o governo tem para um projeto ferroviário em grande escala e para a pavimentação de 860 quilómetros de autoestrada.
Tratamento da depressão pós-parto
A depressão pós-parto afeta 1 em cada 5 mulheres e este ano os EUA aprovaram um medicamento para o tratamento desta doença. Trata-se de um comprimido que é tomado uma vez por dia e diminui os sintomas deste transtorno que afeta grávidas e mães, que se sentem debilitadas e muitas vezes incapazes de cuidar dos seus bebés.
Ainda que os especialistas avisem que este tratamento não é adequado para todas as mulheres, trata-se de um medicamento que pode ser administrado em casa, tem ação rápida e é particularmente útil nos primeiros dias após o nascimento do bebé, fase de grandes mudanças e adaptações.