“A comissão eleitoral sérvia decidiu que as eleições legislativas na Sérvia terão de novo lugar em 30 assembleias de voto e vão decorrer em 30 de dezembro”, indicou um comunicado publicado pela televisão pública RTS.
Estas eleições serão sobretudo organizadas nas zonas rurais.
Este anúncio surge após dois dias de manifestações que juntaram milhares de pessoas frente à comissão eleitoral em Belgrado para contestar o resultado das eleições, que deram a vitória ao partido presidencial (SNS, direita nacionalista) com 46,7% dos votos.
A oposição, unida na coligação “Sérvia contra a violência” (SPN), garantiu 23,5% dos votos e desde domingo denuncia diversas fraudes.
As alegações foram confirmadas por um relatório preliminar da missão internacional de observadores (OSCE, Parlamento Europeu e Conselho da Europa), que se referiu a “compra de votos” e “bloqueio de urnas” em algumas assembleias de voto.
Segundo a coligação da oposição, “mais de 40.000 pessoas” votaram na capital — onde também decorreram eleições municipais — sem serem residentes, e transportadas de autocarro desde a Republika Srpska (RS), a entidade sérvia da vizinha Bósnia-Herzegovina.
Os sérvios bósnios têm o direito de participar nas eleições nacionais, mas não podem votar em eleições locais.
Diversos vídeos difundidos nas redes sociais no domingo afirmam demonstrar a chegada de eleitores a um dos estádios da cidade, onde lhes terá sido indicado em que bairros iriam votar.
Segundo os primeiros resultados, o SNS venceu na capital com 39%, seguido do SPN com 34%.
A oposição pede que o escrutínio seja anulado em Belgrado, mas a Comissão eleitoral não se pronunciou sobre o caso da capital, remetendo a decisão para a comissão eleitoral local.
A coligação da oposição, formada na sequência das grandes manifestações de maio passado após a morte de 19 pessoas em dois tiroteios — incluindo numa escola primária –, não deixou de denunciar uma campanha desigual.
Segundo os observadores, citados pela agência noticiosa AFP, a campanha foi caracterizada “por uma retórica violenta, ‘media’ controlados, pressões sobre os trabalhadores do setor público e uma utilização abusiva de recursos públicos”, e com um “envolvimento decisivo do Presidente” Aleksandar Vucic.
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