Numa conferência de imprensa em Genebra, Philippe Lazzarini, diretor da agência da ONU, aludia ao cerco imposto por Israel ao território palestiniano desde os ataques do Hamas a 07 de outubro, denunciando, paralelamente, uma “tentativa deliberada de estrangular as operações e de paralisar a UNRWA”.
“Gaza está mais uma vez a sofrer um colapso total nas comunicações e […] é porque não há combustível”, disse Lazzarini, logo após ter informado oralmente os países membros das Nações Unidas sobre a situação em Gaza.
Lazzarini referiu-se ao corte total do abastecimento de combustível, impossibilitando o transporte de ajuda humanitária e o fornecimento de água potável, “entre outros serviços absolutamente essenciais”.
“Se a questão do combustível não for resolvida, corremos o risco de ter de suspender toda a nossa operação em Gaza”, advertiu.
“A água tornou-se uma obsessão para os habitantes de Gaza, toda a gente anda com um bidão na mão”, disse, referindo que o combustível é essencial para o funcionamento das instalações de dessalinização que transformam a água do mar em água potável.
Ao mesmo tempo, a empresa de telecomunicações palestiniana Paltel lamentou a interrupção do serviço, na rede X (antigo Twitter).
“Lamentamos anunciar que todos os serviços de telecomunicações na Faixa de Gaza foram interrompidos porque todas as fontes de energia que alimentam a rede foram esgotadas e o combustível está proibido de entrar” no território palestiniano, indicou a Paltel.
As autoridades israelitas consideram que o combustível é um produto de alto risco com dupla utilização: civil e militar, que poderia beneficiar o Hamas.
O movimento islamita, que controla a Faixa de Gaza, esteve na origem do ataque sem precedentes contra o território israelita, em 07 de outubro, e Israel prometeu “eliminá-lo”.
Israel está a impedir a entrada de combustível na Faixa de Gaza, com exceção de um camião-cisterna, com 23.000 litros, que entrou na quarta-feira no enclave e cuja utilização é estritamente regulamentada.
“Não há mais combustível disponível ou, em todo o caso, acessível à UNRWA”, sublinhou Lazzarini, recordando que, no último corte total das comunicações, há algumas semanas, vários depósitos de ajuda humanitária foram saqueados por uma população desesperada.
Em represália ao ataque de 07 de outubro, Israel tem estado a bombardear incessantemente a Faixa de Gaza.
Os bombardeamentos israelitas mataram mais de 11.500 pessoas, na maioria civis, incluindo 4.710 crianças, segundo o Hamas, que governa a Faixa de Gaza.
Do lado israelita, o ataque do Hamas causou cerca de 1.200 mortos, na sua maioria civis, segundo as autoridades israelitas. Cerca de 240 pessoas foram também feitas reféns e levadas para Gaza.
O exército israelita anunciou hoje a morte de mais dois soldados nos combates na Faixa de Gaza, elevando para 51 o número total de soldados mortos no território palestiniano desde o início da guerra contra o Hamas.
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