Numa conferência de imprensa conjunta no quartel-general da aliança militar ocidental, após uma reunião com Jens Stoltenberg, a chefe de Estado kosovar, de 41 anos e com formação jurídica nos Estados Unidos, assinalou que a NATO “é o futuro do Kosovo” e assegurou que o norte do território, onde se concentra a minoria sérvia kosovar, “permanecerá parte integrante da República do Kosovo”, em oposição aos que pretendem desestabilizar a região, numa referência velada à vizinha Sérvia e à Rússia.
No decurso da conferência de imprensa, Osmani e Stoltenberg manifestaram consonância em todos os aspetos abordados, incluindo a necessidade de intensificar as investigações e levar a julgamento os responsáveis pelos graves incidentes de 29 de maio na região de Mitrovica, norte do Kosovo, que provocaram dezenas de feridos, incluindo entre os soldados da Kfor, a força multinacional da NATO presente no território desde a guerra de 1998-1999.
“Os confrontos provocaram feridos entre os soldados da NATO, alguns com gravidade, e isso é inaceitável”, sublinhou Stoltenberg, com Osmani a acrescentar que alguns dos envolvidos nos distúrbios eram provenientes da Sérvia, “muitos deles polícias” e que estão identificados pelas imagens.
A instalação pelo Governo kosovar de autarcas de origem albanesa nas quatro cidades do norte — onde são maioritários os sérvios, que optaram pelo boicote às municipais de abril passado — desencadeou diversos incidentes violentos.
Os sérvios locais, com o apoio de Belgrado e que boicotaram em massa as eleições de abril, condicionam a sua participação num novo ato eleitoral à retirada dos autarcas albaneses sem representatividade e da polícia especial kosovar, para além da formação de uma associação de municípios sérvios na sequência do acordo de Bruxelas de 2013, que Pristina tem recusado aplicar.
Neste aspeto, Stoltenberg admitiu a necessidade de reduzir os contingentes da polícia especial enviados por Pristina para os quatro municípios do norte do Kosovo onde os sérvios são maioritários, a realização de um novo escrutínio, uma posição já assumida pela mediação da União Europeia (UE), e a “neutralidade e imparcialidade” do contingente da força multinacional aliada, que após os incidentes de 29 de maio e a prevalência das tensões foi reforçado para 4.500 efetivos.
Particularmente incisiva nas suas declarações, Vjosa Osmani — denotando algum contraste com o chefe da NATO que pugnou pela “paciência, perseverança e compromisso” — frisou que a NATO “é o futuro” do Kosovo, também para garantir uma “paz sustentável” na região.
“Os sucessos do Kosovo são os sucessos a NATO”, prosseguiu, definindo o seu pequeno país e ex-província da Sérvia como a “mais vibrante democracia da região”.
PCR // SCA