A apresentação do “portefólio” pôde ser seguida pelos canais televisivos das agências espaciais norte-americana (NASA) e europeia (ESA), parceiras no telescópio com a congénere canadiana (CSA).
O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi o “anfitrião” da revelação da primeira imagem num evento realizado ainda na segunda-feira na Casa Branca.
Trata-se da imagem infravermelha mais profunda e clara do Universo distante que foi capturada até agora.
A imagem concentra-se num ponto no céu onde “grandes aglomerados de galáxias em primeiro plano ampliam e distorcem a luz dos objetos atrás deles, permitindo uma visão de campo profundo das populações de galáxias extremamente distantes”, com 13,1 mil milhões de anos, quando o Universo era “jovem” (a idade estimada do Universo pela Teoria do Big Bang é 13,8 mil milhões de anos).
Depois da divulgação desta imagem seguiu-se a revelação do espetro do planeta WASP-96b, descoberto em 2014.
Trata-se de um planeta gigante fora do Sistema Solar, extremamente quente, composto principalmente por gás e, apesar de ter assinatura de vapor de água na sua atmosfera, é “inabitável”. Está localizado quase a 1.150 anos-luz da Terra e orbita a sua estrela a cada 3,4 dias.
Nunca antes tinha sido observado com tanto detalhe, asseguram os peritos.
A lista de “revelações” ficou completa com as imagens da Nebulosa do Anel Sul, uma nuvem de gás que rodeia uma estrela moribunda, do Quinteto de Stephan, um grupo de cinco galáxias situado a 290 milhões de anos-luz da Terra, na constelação Pegasus, e da Nebulosa Carina, uma das maiores e mais brilhantes nebulosas no céu, localizada a cerca de 7.600 anos-luz da Terra, na constelação Carina.
A Nebulosa Carina abriga muitas estrelas, algumas nunca antes vistas, com uma massa várias vezes superior à do Sol.
A revelação das imagens, com um detalhe sem precedentes, marca o início das operações científicas do James Webb e a sua seleção ficou a cargo de um comité de representantes da NASA, ESA e CSA e do Space Telescope Science Institute, centro de operações científicas do telescópio, nos Estados Unidos.
O telescópio James Webb tem o nome de um antigo administrador da NASA e foi enviado para o espaço em 25 de dezembro, após sucessivos atrasos, num foguetão de fabrico europeu. Está em órbita desde janeiro, a 1,5 milhões de quilómetros da Terra.
Ao contrário do telescópio Hubble, que gira em torno da Terra, o James Webb está em redor do Sol, a uma distância que replica quatro vezes a que separa a Terra da Lua.
O telescópio e os seus quatro instrumentos estão protegidos do calor e da luz solar por um escudo do tamanho de um campo de ténis que garante a necessária escuridão e temperatura (em graus negativos) para capturar a luz ténue proveniente dos confins do Universo.
O espelho principal do Webb tem 6,5 metros de diâmetro (mais 4,1 metros do que o do Hubble) e é composto por 18 segmentos hexagonais que funcionam como um todo, melhorando a sua sensibilidade (100 vezes superior à do Hubble).
Os instrumentos do James Webb permitem recolher imagens dos corpos celestes e decompor a sua luz (captada no infravermelho, luz que não é visível ao olho humano) para estudar as propriedades físicas e químicas dos corpos observados.
Antes de poder iniciar os seus trabalhos científicos, o telescópio passou por um período de seis meses dedicado à calibração dos seus instrumentos no espaço e ao alinhamento dos seus espelhos.
A astrónoma portuguesa Catarina Alves de Oliveira, que trabalha no Centro de Operações Científicas da ESA, em Espanha, é responsável pela calibração de um dos quatro instrumentos, participando na campanha de preparação das observações com fins científicos.
Vários cientistas portugueses estão envolvidos em projetos de investigação que implicam tempo de observação com o telescópio.
Os astrónomos esperam com o James Webb obter mais dados sobre os primórdios do Universo, incluindo o nascimento das primeiras galáxias e estrelas, mas também sobre a formação de planetas.
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