O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou hoje o início de uma operação militar, alegando que se destina a proteger civis de etnia russa nas repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia.
Num discurso televisivo, Putin disse que decidiu lançar a operação militar em resposta a ameaças de “genocídio” no leste da Ucrânia vindas das autoridades de Kiev, defendendo que a responsabilidade por um eventual derramamento de sangue é do “regime” ucraniano.
Todos os militares ucranianos que depuserem as armas poderão deixar com segurança a zona de combate, prometeu o presidente russo. Putin garantiu que o objetivo não é “a ocupação”, mas sim a “desmilitarização” da Ucrânia. Qualquer tentativa por parte de outros países de interferir na operação militar levará a “consequências que eles nunca viram”, avisou o líder russo.
Putin acusou os Estados Unidos e seus aliados de ignorar a exigência russa de garantias de que a Ucrânia nunca se tornará membro da NATO.
Na quarta-feira, numa entrevista ao canal de televisão norte-americano NBC, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken garantiu que a Rússia tinha tudo pronto para lançar uma invasão da Ucrânia e poderia avançar hoje.
Exército russo confirma bombardeamentos
O exército russo confirmou hoje o início do bombardeamento de território da Ucrânia, mas garantiu que os ataques têm apenas como alvo bases aéreas ucranianas e outras áreas militares, não zonas povoadas.
Num comunicado citado pela agência noticiosa estatal russa TASS, o ministério russo da Defesa disse que está a usar “armas de alta precisão” para inutilizar a “infraestrutura militar, instalações de defesa aérea, aeródromos militares e aviação das Forças Armadas da Ucrânia”.
“A Rússia lançou ataques contra a nossa infraestrutura militar e postos fronteiriços”, disse hoje, num vídeo publicado na rede social Telegram, o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Ataques militares já começaram
Foram registadas hoje fortes explosões em pelo menos cinco cidades da Ucrânia, incluindo na capital, Kiev, horas depois do Presidente russo, Vladimir Putin, ter anunciado o início de uma operação militar.
Por volta das 03:00 horas, foram registadas pelo menos duas explosões no centro de Kiev, tendo sido seguidas pelas sirenes de ambulâncias, segundo jornalistas da AFP. Fontes em Mariupol, no leste da Ucrânia, disseram à AFP que a cidade portuária foi atingida por bombardeamentos de artilharia.
Com meio milhão de habitantes, Mariupol é a maior cidade situada junto à fronteira com as autoproclamadas repúblicas separatistas pró-russas de Donetsk e Lugansk. Ainda mais perto da fronteira, na cidade de Kramatorsk, que serve de quartel-general do exército ucraniano, pelo menos quatro explosões foram registadas por jornalistas da AFP. Também a cidade de Kharkiv, no leste da Ucrânia, e o porto de Odessa, situado no Mar Negro, no sul do país, registaram explosões.
Entretanto a Ucrânia anunciou o encerramento do espaço aéreo ucraniano para a aviação civil. Num comunicado, o ministério ucraniano das Infraestruturas justificou a decisão invocando “um elevado risco para a segurança” da aviação civil.
Reunião de urgência do G7
Na segunda-feira, a Rússia reconheceu a independência das regiões de Lugansk e Donetsk, onde separatistas pró-russos enfrentam o governo ucraniano desde 2014. Depois do reconhecimento, o Presidente russo, Vladimir Putin, autorizou o exército russo a enviar uma força de “manutenção da paz” para Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia.
Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia discutem hoje o agravamento do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, numa cimeira extraordinária em Bruxelas convocada de urgência. No Twitter, a Comissão Europeia apelou à Russia o “fim imediato da violência e à retirada das suas tropas do território ucraniano”.
Também o Presidente dos Estados Unidos denunciou “o ataque injustificado” da Rússia contra a Ucrânia, depois de o homólogo russo, Vladimir Putin, ter anunciado uma “operação militar” para defender os separatistas no leste ucraniano. Biden indicou que vai reunir-se durante o dia com os homólogos do G7.