As autoridades italianas detiveram um membro da máfia italiana que estava em fuga há quase 20 anos graças à ajuda da aplicação Google Maps. Fundamental para a captura de Gioacchino Gammino, um dos fugitivos mais procurados de Itália, foi uma imagem de rua retirada da aplicação, onde aparece um homem com bastantes semelhanças físicas ao fugitivo em frente a uma mercearia.
“A imagem ajudou-nos a confirmar a investigação que estávamos a desenvolver de formas tradicionais”, confirma Nicola Altiero, vice-director da unidade italiana de polícia anti-máfia (DIA), à Reuters. Citado pelo jornal italiano La Repubblica, Gammino ter-se-á mostrado surpreendido no momento da sua detenção. “Como é que me encontraram? Eu não ligo à minha família há 10 anos!”.
Gammino, de 61 anos, fazia parte de um grupo mafioso da Sicília conhecido como Stidda, e escapou da prisão de Rebibbia, em Roma, em 2002, onde cumpria pena de prisão perpétua. Atualmente, vivia em Galapagar, uma cidade espanhola perto de Madrid, e tinha adotado o nome Manuel. Segundo informações confirmadas pelo procurador de Palermo Francesco Lo Voi, que conduziu a investigação, Gammino tinha criado uma nova vida em Espanha. Casou-se e trabalhava como chef e proprietário de uma mercearia.
A sua identidade foi oficialmente confirmada quando a polícia encontrou uma fotografia de Gammino num traje de chef de cozinha na página de Facebook do restaurante La Cocina de Manu, fechado desde 2014. O menu do restaurante incluía um prato chamado “Cena Siciliana“, ou “Jantar Siciliano”. Mais determinante ainda para a polícia identificar inequivocamente o gangster foi a cicatriz inconfundível que possui no lado esquerdo do queixo.
Gammino está atualmente sob custódia em Espanha, mas as autoridades italianas esperam levá-lo de volta para o país até ao final de fevereiro, onde terá de continuar a cumprir a pena de prisão perpétua. No entanto, segundo relata o jornal espanhol ABC, as investigações continuam em curso, já que a polícia tem fortes suspeitas de que as atividades comerciais de Gammino eram apenas uma fachada para outros negócios obscuros.
Ao jornal britânico The Guardian, Lo Voi garante que “não é como se passássemos os nossos dias a vaguear pelo Google Maps para encontrar fugitivos”. “Houve muitas e longas investigações anteriores, que nos levaram a Espanha. Estávamos num bom caminho, e o Google Maps ajudou a confirmar as nossas investigações”, acrescenta.
Não é a primeira vez que um mafioso italiano é capturado com a ajuda da Internet. Em março do ano passado, Marc Feren Claude Biart foi detido nas Caraíbas depois de aparecer em vídeos de culinária no YouTube. Biart, que estava em fuga desde 2014, não mostrava o rosto nos vídeos, mas foi traído pelas tatuagens que ajudaram a polícia a identificá-lo.