À medida que as regras para conter a pandemia estão a ser flexibilizadas pelo governo britânico, o número de casos de Covid-19 registados no Reino Unido tem vindo a aumentar acentuadamente nas últimas semanas, e, como resultado, o número de pessoas “pingadas” também tem crescido. Sabe o que isto significa?
Quando alguém é “pingado” pela aplicação idêntica à StayAway Covid, significa que esteve em contacto próximo com uma pessoa que deu positivo à Covid-19, sendo, então, aconselhado a isolar-se durante um período de 10 dias.
Embora no domingo tenham sido confirmados mais de 48 mil novos casos de infeção provocados pelo novo coronavírus e mais de 600 mil utilizadores tenham sido “pingados” pela aplicação entre 8 e 15 de julho – um aumento de 17% em relação à semana anterior-, o governo avançou, na segunda-feira, para a terceira e última fase de desconfinamento, terminando a obrigatoriedade do uso de máscara e do distanciamento social.
Considerada já pingdemic, ou pingdemia, em português, designação criada pela referência que existe do som “ping” à chegada de uma notificação – esta situação está a provocar preocupação em algumas indústrias e serviços, como é o caso do retalho alimentar, postos de combustível, transportes de mercadorias, forças de segurança e redes de transportes, que veem um grande número de funcionários a ter de ficar em casa e a isolar-se por causa do “ping”.
Nestas empresas, em que as pessoas não podem trabalhar a partir de casa, têm existido perturbações e teme-se que a situação possa piorar ainda mais, agora que as regras foram aliviadas. “Estamos numa posição sem precedentes de ter de fechar lojas devido a ausências de pessoal – não por causa da Covid-19, mas por causa de uma aplicação Track and Trace perturbadora”, diz Richard Walker, diretor comercial da Iceland Foods, ao Independent.
“A ausência de pessoal aumentou 50% na semana passada e a tendência é acentuada e rápida, não afetando apenas os nossos próprios colegas, mas também os de todas as nossas cadeias de abastecimento e redes logísticas”, acrescentou, apelando ainda para uma “revisão das regras em torno da aplicação, de preferência mudando para um modelo “Test and Release” (testar e libertar).
Também descontente com a situação, o sindicalista britânico Mick Lynch disse à agência nacional de notícias do Reino Unido e da Irlanda que “muitos serviços ferroviários, de autocarros e de tubos estão já com falta de pessoal, o que os deixa perigosamente expostos”.
“Com as restrições a serem levantadas e os casos a aumentarem rapidamente, precisamos urgentemente de uma abordagem segura por parte do Governo, criando confiança para assegurar a recuperação”, referiu o presidente e fundador da marca de cerveja da Cobra Beer, Karan Bilimoria.
Dada a situação, o governo prevê mudar as regras em torno do auto-isolamento a partir do dia 16 de agosto: as pessoas que estejam completamente vacinadas há, pelo menos, 14 dias, bem como os menores de 18 anos, não terão de se auto-isolar caso sejam “pingadas”. Em vez disso, as pessoas serão contactadas pelo centro de testagem nacional – NHS Test and Trace – e aconselhadas a fazer um teste PCR. Caso o teste seja positivo, devem isolar durante 10 dias, independentemente do seu estado de vacinação. Se o resultado for negativo, podem continuar a sua vida normalmente.
O Reino Unido, que conta já com 55% da população totalmente vacinada e 79% da população com apenas uma dose (dados Our World in Data, lançados na quarta-feira), tem ainda grande parte da população infantil por vacinar, o que tem provocado que as idas às escolas estejam a ser diminutas perante esta situação.