Uma embarcação que partiu de Dakhla (no Saara Ocidental), a 12 de junho, em direção às Ilhas Canárias, com 35 migrantes a bordo, perdeu o seu rumo e passou 17 dias à deriva até ser avistada, na passada terça-feira, pela tripulação de um navio de carga, num ponto do Atlântico entre a Mauritânia e o Saara Ocidental.
Estabelecido o contacto, o cargueiro, de 292 metros, deu o alerta: havia um corpo a bordo do barco que transportava os migrantes e um dos cinco menores a bordo tinha de ser evacuado de helicóptero. A equipa de salvamento recolheu a menina e mais dois adultos, mas, durante o voo, com destino ao Hospital Universitário Doutor Negrín, em Las Palmas, a criança e uma mulher, em pior condição, entraram em paragem cardiorrespiratória.
A mulher foi reanimada, mas a menina chegou já sem vida, pouco antes da meia-noite de terça-feira, ao hospital.
Segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM) e do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), a lista de pessoas que perderam a vida a tentar chegar às Ilhas Canárias no primeiro semestre deste ano situa-se entre os 136 e os 160, uma média de cerca de uma morte por dia até agora. Estas mortes somam-se às 849 que, pelo menos, foram registadas em 2020.