“Temos um novo roteiro e um novo pacto de convergência que abrangerá o período entre 2022 e 2026, sendo 2027 o ano de lançamento da ECO”, adiantou o presidente da Comissão Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Jean-Claude Kassi Brou, em conferência de imprensa, acrescentando: “Devido ao impacto da pandemia, os chefes de Estado tinham decidido suspender a implementação do pacto de convergência em 2020-2021”.
A CEDEAO procura desde 1983 fomentar a integração económica da região com a criação de uma moeda comum, mas já falhou esse objetivo em 2009, 2012 e 2015, sendo 2020 o último prazo que a organização tinha fixado para si própria.
Para participar na utilização da ECO, os países da África Ocidental acordaram critérios de convergência, nomeadamente: défice inferior a 3%, inflação inferior a 10% e uma dívida não superior a 70% do Produto Interno Bruto (PIB).
Em 2018, nenhum país preencheu todos os critérios, e em 2017, três países preencheram, de acordo com dados da CEDEAO.
Um dos desafios ao lançamento de uma moeda única tem sido o facto de oito países da região utilizarem o franco CFA, uma moeda criada em 1945 pela França, antiga metrópole da região. Em dezembro de 2019, a União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA), que reúne oito Estados da África Ocidental que usam o franco CFA, acordou com o Governo francês uma reforma monetária que substituiria o franco CFA da região pela ECO.
No entanto, o acordo manteve a paridade fixa que o franco CFA já tem com o euro, algo que poderia mudar quando o resto dos países da CEDEAO aderissem.
Outros países também membros da CEDEAO e integrados na Zona Monetária da África Ocidental (ZMOA) – uma organização de Estados maioritariamente anglófonos que não utilizam a CFA – não viram este anúncio com bons olhos, considerando que é unilateral e fica aquém do objetivo da integração económica previamente acordado.
Por outro lado, a ECO é ainda ameaçada pela heterogeneidade no seio da CEDEAO, onde o Níger é o país mais empobrecido do mundo e a Nigéria uma das maiores potências económicas de África, que representa quase dois terços do PIB da região e é um exportador de petróleo.
O objetivo da moeda comum é promover o comércio inter-regional, que, de acordo com a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), é muito fraco: em 2017, era apenas de 9,4% contra os mais de 60% entre os países da União Europeia.
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