Durante os últimos meses, o principal foco das autoridades mundiais e profissionais de saúde foi cuidar e tratar dos doentes com Covid-19, tentar conter as cadeias de transmissão e arranjar um medicamento/vacina/cura. Os esforços feitos para o controlo do coronavírus afetaram a prevenção de outras doenças, incluindo a tuberculose.
A tuberculose é uma infeção bacteriana que afeta principalmente os pulmões e, segundo uma nova investigação publicada na passada quarta-feira, cerca de 6,3 milhões de pessoas a mais podem vir a desenvolver a doença, até 2025, devido à incapacidade de realizar o diagnóstico, o tratamento e a prevenção desta infeção durante a pandemia.
O estudo especifica que cerca de 1,4 milhões de pessoas a mais podem morrer por causa desta doença, que já mata cerca de 1,5 milhões todos os anos, muito mais do que qualquer outra doença infeciosa.
O modelo que levou a esta conclusão resulta de uma colaboração entre a Stop TB Partnership, o Imperial College de Londres, a Universidade de Johns Hopkins e a Avenir Health, com o apoio da USAID e analisa o impacto das medidas contra o coronavírus na Índia, Quénia e na Ucrânia, três países com um grande número de casos de tuberculose.
Este cenário impossibilita os esforços globais para erradicar a doença e a infeção, refletindo-se num atraso de cinco a oito anos. Lucica Ditiu, diretora executiva da Stop TB Partnership, uma entidade sediada nas Nações Unidas, pretendia acabar com a doença até 2030.
“Hoje, os governos enfrentam um caminho tortuoso, navegando entre o iminente desastre da Covid-19 e a praga de longa data da tuberculose”, disse, em comunicado. “Mas optar por ignorar a tuberculose novamente apagaria pelo menos meia década de um grande progresso contra a infeção mais mortal do mundo e deixaria milhões de pessoas doentes”.
A responsável considera “chocante” ver tantas pessoas a morrer e termos regressado aos números de 2013. “Estou indignada, que por não ter sido capaz de controlar o que fizemos, esquecendo os programas que já existiam, perdemos muito, a começar pela vida das pessoas”.
Ditiu declara ainda que para além da vacina que está agora em circulação para tratar os doentes que estavam diagnosticados com esta doença, ainda existiam mais duas que estavam a ser estudadas e a ser testadas para o mesmo afeito. Mas com o surgimento deste novo vírus, os laboratórios e cientistas focaram-se mais na procura e desenvolvimento de uma vacina que trate o coronavírus.
Atualmente, não existe uma vacina para os adultos, apenas para as crianças.