O exército do Zimbabué terá sido o responsável pela pior onda de violência no país na última década. Frustrados com a aparente impunidade dos oficiais, vários polícias denunciaram os resultados das suas investigações do jornal inglês The Guardian.
Nesses 12 relatórios, os investigadores da polícias acusam o exército de homicídios, estupro e assaltos à mão armada.
A forte subida dos preços dos combustíveis imposta pelo Governo este mês levou à rua milhares de manifestantes. Durante os confrontos terão morrido pelo menos 12 pessoas, depois de as autoridades abrirem fogo sobre os civis, e uma rapariga de 15 anos terá sido violada.
Nos documentos internos, a que o Guardian teve acesso, a polícia escreve que os crimes foram cometidos por homens que usavam “uniformes” do exército ou “camuflados” – um estilo de palavreado, segundo o jornal inglês, que evita acusações diretas aos militares com medo de represálias.
Recorde-se que, oficialmente, a polícia disse que os culpados eram “elementos nocivos” que roubaram fardas do exércitos e referiu que as acusações de abusos pelas forças armadas foram fabricadas. No entanto, as descrições feitas nos relatórios falam em pessoas com armas automáticas, o tipo de recursos que quase só as forças policiais e o exército têm.
Um dos relatórios descreve o homicídio – aparentemente praticado pelas forças de segurança – de Kudakwashe Rixon, de 22 anos, que foi capturado por homens de uniforme num terminal de autocarros no centro de Harare, capital do Zimbabué.
Depois foi levado para uma zona remota onde foi espancado com tacos de madeira, barras de ferro e chicoteado. Kudakwashe conseguiu chegar a casa, mas acabaria por morrer no hospital um dia depois.
Noutro documento é feita a descrição da violação de um rapariga de 15 anos na cidade de Chitungwiza. A polícia escreve que a adolescente foi forçada a entrar num parque por três homens munidos de espingardas e vestidos de camuflado que, depois, a deitaram numa mesa onde foi violada.