“Ontem, estávamos a brincar juntos no abrigo subterrâneo. Hoje, o meu amigo e a sua família foram mortos por um avião de combate que lhes tirou a vida.” Muhammad Najem tem 15 anos mas não tem uma vida “típica” de adolescente. Vive na Síria, mais precisamente no este de Ghouta, nos subúrbios de Damasco, palco dos que são já considerados os mais sangrentos ataques em sete anos de guerra na Síria.
No Twitter, Najem vai partilhando imagens e pequenos relatos do terror dos últimos dias na cidade controlada pelos rebeldes, onde, estimam as Nações Unidas, mais de 400 mil pessoas estarão sitiadas.
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“As crianças de Ghouta morrem todos os dias nos bombardeamentos do regime de [Bashar al-] Assad e da Rússia”, escreve o jovem.
Os ataques aéreos mataram, na última semana, mais de 250 pessoas, incluindo 58 crianças, de acordo com os números do Observatório Sírio para os Direitos humanos.
Em declarações à CNN, Najem explica o que o move: “As pessoas deviam saber tudo o que está a acontecer na Síria”, acrescentando que tenciona continuar a estudar e ser jornalista. Para já, transformado em repórter de guerra improvisado no Twitter e no YouTube, o adolescente partilhou, por exemplo, um vídeo em que aparece num telhado, com o som de explosões em fundo. “Estamos a morrer pelo vosso silêncio”, acusa. “Khamenei [em referência ao líder supremo do Irão]”, começa a dizer, antes de ser interrompido pelo estrondo de uma violenta explosão”, que o abala visivelmente. “Khamenei matou a nossa infância”, conclui.