Carles Puigdemont, o presidente do governo catalão, não desiste do referendo sobre a independência da região marcado para 1 de outubro. Depois da proibição vinda do Tribunal Constitucional, o líder da Generalitat está a pôr em marcha um “plano de contingência”, como lhe chamou, para que os cerca de 4,5 milhões de eleitores possam votar. E Julian Assange, o fundador da Wikileaks que está exilado na embaixada do Equador em Londres há cinco anos, promete ajudá-lo.
É que, além das 14 pessoas da Generalitat ligadas à organização do referendo que foram detidas – entretanto já foram postas em liberdade –, também a listagem com a distribuição das assembleias de votos e os próprios boletins de voto foram confiscados.
Puigdemont acusa o primeiro-ministro, Mariano Rajoy, de “ir contra a democracia e os direitos civis” e de atuar “com repressão e autoritarismo” num artigo de opinião publicado no jornal americano The Washington Post.
O plano B começou por ser um site onde os eleitores poderiam ver qual a sua secção de voto, mas rapidamente foi bloqueado pelas autoridades.
O líder da Catalunha não desistiu e anunciou no Twitter que iria abrir duas novas páginas. A resposta de Madrid veio logo a seguir com a vice-presidente do Governo espanhol, Sáenz de Santamaría, a considerar a ideia de “ridícula” e que o Executivo tem todos os meios para “lutar contra o cibercrime”.
Pelo meio desta troca de palavras, Julian Assange entrou em ação, também via Twitter, para afirmar: “Temos muita experiência a pôr fim à censura abusiva. Estou feliz por ajudar a proteger os direitos de publicação do site do referendo catalão”. Noutros tweets publicados sobre a consulta popular, Assange pergunta “Porque é que Espanha tem tanto medo da opinião?” das pessoas expressa nos votos.
O australiano foi, entretanto, parodiado nas redes sociais por ter confundido uma “notícia” de um jornal satírico El Mundo Today com o jornal espanhol El Mundo.
Ontem, milhares de pessoas manifestaram-se nas ruas de Barcelona contra a prisão dos 14 membros da Generalitat e em defesa do referendo.
Madrid já avisou que vai enviar reforços policiais para a capital catalã para a “aplicação das leis e do Estado de direito”. Os Mossos d’Esquadra, a polícia catalã, temem que o envio de membros da Guardia Civil possa ter uma intenção por detrás: fazer ativar uma lei de 1986 que estipula que caso duas unidades policiais ocorram a uma situação, uma pertencente à segurança do Estado e outra a uma comunidade autonómica, a direção das operações cabe à primeira.