As autoridades policiais concluíram que existem fortes indícios de que o Presidente e o seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures praticaram o crime de corrupção passiva num relatório entregue na segunda-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A polícia também pediu ao STF cinco dias para terminar uma outra investigação, que visa apurar se o chefe de Estado e seu ex-assessor também cometeram o crime de obstrução da Justiça.
O pedido para aumentar o prazo para concluir o inquérito teve lugar porque quatro gravações de áudio entregues pelos executivos da JBS à Justiça, que comprometem diretamente Temer e Rocha Loures, ainda estão a ser analisados por peritos para verificar se o material foi ou não editado.
Michel Temer e Rodrigo Rocha Loures foram denunciados, em maio, no âmbito de um acordo de delação premiada (que permite vantagens, como a redução de pena de prisão, a quem der informações sobre um caso judicial) firmado por executivos da JBS com as autoridades que estão à frente da operação Lava Jato.
Na passada sexta-feira, Joesley Batista, um dos donos da JBS que colabora com as investigações, prestou depoimento na polícia federal e manteve a denúncia de que subornou o Presidente para favorecer sua empresa.
Segundo o executivo, Michel Temer também o autorizou a subornar ao ex-deputado Eduardo Cunha para que ficasse calado e não colaborasse com as investigações policiais.
Eduardo Cunha está preso desde o ano passado em Curitiba, cidade da região sul do Brasil, e já foi condenado a mais de 14 anos e prisão por envolvimento nos crimes cometidos na petrolífera estatal Petrobras.
As gravações instauraram uma grande crise no Governo do Brasil porque além de indicar o suposto pagamento de subornos ao ex-deputado também mostram que Michel Temer ouviu o empresário Joesley Batista relatar uma série de crimes sem se manifestar e sem denunciar os factos às autoridades competentes.
Na segunda-feira, os advogados de Michel Temer entraram com duas ações judiciais contra Joesley Batista, acusando-o de ter cometido os crimes de calúnia, difamação e injúria.
Os processos são uma resposta à declarações do empresário que afirmou que o Presidente era “chefe da maior e mais perigosa organização criminosa” do Brasil, numa entrevista publicada no passado sábado pela revista brasileira Época.