Foi a terceira votação, ainda não foi de vez, mas a corrida de António Guterres ao cargo de secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) continua muito bem encaminhada. Num novo escrutínio secreto – conhecido como straw poll – o ex-primeiro-ministro português conseguiu a aprovação de 11 dos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU, obteve um voto neutro (“sem opinião”) e apenas três de “desencorajamento”.
Foi a terceira straw poll a que Guterres, que desempenhou durante 10 anos o cargo de Alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, se submeteu. As votações permitem a cada país com direito de voto expressar uma de três opiniões sobre os 10 candidatos ao cargo: “encorajamento”, “desencorajamento” e “sem opinião”. Desde a primeira votação, António Guterres tem-se mantido sempre à frente da corrida.
Na sessão de ontem, Miroslav Lajcak, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Eslováquia, ficou em segundo lugar (9 votos de encorajamento, 5 de desencorajamento e 1 neutro) e em terceiro ficaram a búlgara Irina Bokova e o sérvio Vuk Jeremic (com 7, 5 e 3, respetivamente).
António Guterres partiu para a corrida com duas desvantagens. Segundo as regras não escritas da organização, seria a vez de uma mulher ocupar o cargo e de dar oportunidade a um candidato do leste europeu. Guterres, na primeira audição realizada aos concorrentes, manifestou desde logo a intenção de assegurar a paridade na ocupação de postos na ONU, desarmando assim os defensores de que era a vez de uma mulher.
Neste momento, segundo diplomatas ouvidos pelo diário The Guardian, o único obstáculo no caminho do português poderá ser a Rússia, que insiste na necessidade de ser um europeu de leste a ocupar o lugar deixado vago pelo coreano Ban Ki-moon.
Segundo o processo de nomeação, o candidato não pode ter nenhum voto desfavorável de um membro permanente do Conselho de Segurança (P-5): Rússia, França, Inglaterra, Estados Unidos da Amércia e China. Estes países têm poder de veto e basta a oposição de um deles para o candidato perder a esperança na eleição. Além do apoio dos P-5, a candidatura vencedora tem de ter o apoio de pelo menos quatro membros não-permanentes do Conselho de Segurança. Só depois de recolhidos estes apoios durante o processo de votação informal se chega à votação final, formal, que escolherá o ocupante do cargo.
Em setembro ocorrerá uma nova straw poll que poderá estreitar o leque de candidatos ao cargo e consagrar Guterres como o favorito.