Formado em Direito, governador do Estado de Indiana desde 2013, Michael Richard Pence, 57 anos, propõe-se ocupar o cargo de Presidente dos Estados Unidos se alguma coisa acontecer a Donald Trump. Mas, primeiro, a dupla tem de ganhar as eleições, em novembro
Anti-gay, mas pró-tabaco
Antes da chegada para a apresentação pública da sua candidatura, ouviu-se You Can’t Always Get What You Want. E, de facto, na sua vida privada, Pence parece seguir o mote dos Rolling Stones (de que não se pode ter sempre tudo o que se quer), reagindo contra leis favoráveis ao aborto, casamentos gay e presença de homossexuais nas forças militares. O moralismo trava, contudo, quando se trata de interesses das empresas. O político de Indiana defende as tabaqueiras, argumentando que o tabaco não mata tanto como se diz, e votou contra a aprovação de fundos para regular a emissão de gases poluentes, que implicam custos para a indústria. Mais: quando Barack Obama, quis facilitar as pesquisas sobre células estaminais, foi contra; quando se votou a resolução de guerra contra o Iraque, votou a favor.
Quem?
Não sabe quem é Mike Pence? Nove em cada dez americanos, de acordo com uma sondagem da CBS, também não. Pelo menos, não têm opinião formada sobre o candidato republicano a vice-presidente dos EUA. Pence é um de seis irmãos, filhos do dono de uma cadeia de bombas de gasolina. Evangélico, defende que é preciso “deixar falar as pessoas de fé” e que a voz da religião deve ser trazida “de volta”.
Lei&Ordem
A luta antiterrorismo tem sido uma das bandeiras dos Republicanos. Para o partido de Trump e de Pence, não basta ser contra os ataques terroristas, é preciso agir. E, acusam, os Democratas não têm sido suficientemente duros nas suas políticas. “Eu e Pence somos os candidatos da lei e da ordem”, disse já Trump, acrescentando: “Pence nunca terá medo de gritar o nome do nosso inimigo: o radicalismo islâmico.”
De hesitação em hesitação
Na verdade, nem o próprio Donald Trump conhecia bem Pence, com quem raramente tinha estado pessoalmente até à semana passada, quando o partido divulgou a escolha através do Twitter. Além do carácter de Trump (pouco habituado a que lhe digam o que fazer), a indecisão dos conservadores sobre o número dois da candidatura terá estado relacionada com a dificuldade em definir a estratégia. Importava alguém com um grande percurso político ou alguém que agradasse ao Tea Party, a ala mais conservadora? Ganhou a segunda.
Para aqui chegar
Deputado federal durante 12 anos, Mike Pence é visto pelos conservadores como um homem do aparelho. Em 2009, viajou pelos vários Estados, no que pareceu um ensaio para a atual candidatura. Hoje, poderá mover influências no Congresso, que Trump não domina, por nunca ter ocupado um cargo público. Unidos mais por necessidades políticas do que por afinidades pessoais, talvez não seja de estranhar que nem sempre tenham estado de acordo. Ainda há poucos meses, Pence criticou o milionário que quer ocupar a Casa Branca por defender o encerramento das fronteiras aos muçulmanos. Num post do Twitter, considerou a proposta “ofensiva e inconstitucional”. O programa 60 Minutes, onde prometeram marcar presença, numa entrevista conjunta, será uma das primeiras provas de fogo, onde se espera poder avaliar a dinâmica entre os dois políticos.