Os eleitores britânicos decidiram que o Reino Unido vai sair a União Europeia, depois de o Brexit ter conquistado 51,9% dos votos no referendo de quinta-feira, segundo os resultados finais. O primeiro-ministro britânico vai fazer uma declaração ao país. O líder do partido da Independência já pediu a demissão de David Cameron
Os defensores da saída do Reino Unido do bloco europeu tiveram 17,41 milhões de votos, indicam os dados divulgados no site da televisão britânica BBC após ter terminado o apuramento em todos os 382 círculos eleitorais.
Já os partidários da permanência do Reino Unido na União Europeia obtiveram 16,14 milhões de votos.
A taxa de participação no referendo foi de 72,2%.
Nigel Farage foi o primeiro a cantar vitória
O ‘eurófobo’ Nigel Farage, líder do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), antecipou hoje a “vitória” dos partidários da saída da União Europeia (‘brexit’) no referendo de quinta-feira.
Nigel Farage, que horas antes, no início da contagem dos votos, tinha admitido que os partidários da permanência na União Europeia iriam vencer, disse numa declaração a jornalistas quando estavam contados metade dos votos que o povo britânico vai conseguir separar-se da UE “sem disparar uma única bala”.
“Vamos livrar-nos do hino, da bandeira, de Bruxelas e de tudo o que está errado. O dia 23 de junho será o dia da independência”, proclamou Farage, notório pelas suas posições anti-imigração.
Banco de Inglaterra vai tomar “todas as medidas necessárias”
O Banco de Inglaterra vai tomar “todas as medidas necessárias” para garantir a estabilidade, após a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia.
“O Banco da Inglaterra vai tomar todas as medidas necessárias para cumprir com a sua responsabilidade em termos de estabilidade monetária e financeira”, disse hoje o banco central, em comunicado, acrescentando que está a monitorizar de perto os desenvolvimentos após o referendo.
Libra cai a pique
A libra colapsou para o seu valor mais baixo desde 1985 devido aos resultados parciais do referendo no Reino Unido, que dão vantagem à saída da União Europeia.
A divisa britânica caiu para 1.3466 dólares, o seu valor mais baixo em três décadas, de acordo com dados da Bloomberg.
Os mercados asiáticos estão também hoje a sofrer fortes oscilações devido aos resultados renhidos do referendo, com as casas de apostas a considerarem que o ‘brexit’ (saída da União Europeia) é o mais provável.
As sondagens têm colocado os dois campos ‘taco a taco’, mas os mercados mundiais tinham chegado a um consenso geral, na última semana, de que o ‘bremain’ (permanência na União Europeia) venceria.
No entanto, uma série de vitórias do campo da saída em vários círculos eleitorais começaram a gerar instabilidade.
O dólar também caiu abaixo dos 100 ienes pela primeira vez desde novembro de 2013, devido à elevada procura da moeda nipónica, considerada uma divisa de refúgio.
O dólar chegou a valer 99,03 ienes pouco depois das 11:30 (03:30 em Lisboa), quando a bolsa de Tóquio encerrou para a pausa a meio da sessão.
A moeda norte-americana voltou a fixar-se, pouco depois, acima dos 100 ienes, mas ainda assim muito abaixo dos 103-104 ienes com que começou a sessão.
Por seu lado, o euro chegou a cair até aos 115,46 ienes, o nível mais baixo em três anos e meio, ainda que pouco depois a queda tenha desacelerado.
A força do iene, muito prejudicial às empresas exportadoras nipónicas, pesou sobre a bolsa de Tóquio, que caiu mais de 3% a meio da sessão, marcada pelo receio de uma saída do Reino Unido da União Europeia.
Pelas 04:40, quando faltava apurar 88 dos 382 colégios eleitorais, o ‘brexit’ liderava com 52% dos votos, com o ‘bremain’ nos 48%.