Com a vitória esmagadora nas eleições primárias na Califórnia (estão apurados 94% dos votos e leva 13% de avanço), o estado mais populoso da América, Hillary Clinton será a primeira mulher candidata à presidência dos Estados Unidos, em representação de um grande partido, no caso o Democrata.
Noventa e cinco anos depois de as mulheres terem conquistado o direito a votar nos Estados Unidos, a antiga primeira dama rejubilou com esse “marco” histórico, distribuindo louros: “A vitória desta noite não é de uma pessoa. Pertence a gerações de mulheres e homens que lutaram e se sacrificaram. Eles tornaram este momento possível”.
Clinton também ganhou ontem as votações em New Jersey e noutros dois estados com menor peso (Novo México e Dakota do Sul) – assim como Bernie Sanders levou a melhor noutros dois menos importantes (Dakota do Norte e Montana).
Com estes resultados, a ex-secretária de Estado de Barack Obama já garantiu o número suficiente de delegados para superar o seu rival interno e ser nomeada candidata à presidência pelo Partido Democrata. E também lidera a corrida no voto popular e no número de estados ganhos. A vitória está no bolso.
Como se lê num artigo de análise política no New York Times, que chama “teimoso” a Bernie Sanders, “em circunstâncias normais, este seria o momento para o rival reconhecer as probabilidades insuperáveis, saudar o adversário predominante e começar o trabalho de unir um partido dividido”. Mas Sanders não fez nada disso e despediu-se ontem à noite, num discurso perante 3.000 apoiantes, com a garantia de que “a luta continua”.
Agarrado às sondagens que lhe dão um melhor resultado contra Donald Trump na eleição presidencial de novembro, o senador pelo estado de Vermont ainda espera convencer a maioria dos superdelegados (que podem escolher livremente o seu candidato independentemente do sentido de voto no estado a que pertencem) a ficarem do seu lado. Mas só ele parece acreditar nessa possibilidade. Barack Obama já o convocou para um encontro esta quinta-feira, em Washington, e vários jornais, incluindo o Washington Post, dão como forte a hipótese de o presidente dos Estados Unidos validar já esta semana a candidatura de Clinton.
Por coincidência, fez ontem oito anos que Hillary abdicou a favor de Obama na corrida à Casa Branca nas primárias do Partido Democrata. E na altura a luta interna estava bem mais renhida do que aquela que agora Bernie Sanders insiste em manter viva.