Um Conto do Vigário
Ultrapassar os grandes desafios do nosso tempo – da pandemia à crise climática – exige ambição e coragem. Todos os tipos de organizações das nossas economias devem ser guiados pela experiência e por conhecimentos técnicos, bem como por pessoas com capacidade de gestão de projetos. Empresas, governos e organizações da sociedade civil com essas capacidades podem trabalhar então em conjunto para satisfazer as nossas necessidades sociais, económicas e ambientais coletivas.

E, no entanto, isto não descreve o mundo em que vivemos. Muitos governos deixaram de investir nas suas próprias capacidades e aptidões e, porque temem o insucesso, não correm riscos. Muitas empresas furtaram-se à responsabilidade pela mudança e estão concentradas em obter lucros a curto prazo mediante estratégias fáceis e improdutivas, como recomprarem as suas próprias ações para fazerem subir as cotações ou não pagarem a comparticipação justa aos seus trabalhadores. A má governança, tanto nas empresas como no Estado, fez com que, no último meio século, as operações de curto prazo eclipsassem os investimentos necessários ao progresso. Estas tendências exauriram as organizações de conhecimento, competências e visão. E um grupo de atores aproveitou a onda desta forma de capitalismo, e a redução das capacidades que lhe está subjacente, ganhando, ao fazê-lo, enormes quantias: a indústria da consultoria.
