“O ligeiro aumento de preço verificado nestes dois anos coincide com a maior preocupação alguma vez vivida pela comunidade produtora da Maçã de Alcobaça IGP (Indicação Geográfica Protegida) e sua imagem coletiva”, sustentou hoje a Associação de Produtores de Maçã de Alcobaça (APMA), considerando que o aumento médio de venda do fruto não está “minimamente em linha com o aumento dos custos de produção verificados no mesmo período”.
A APMA efetuou uma análise de valores de variações comparativos de várias organizações de produtores de Maçã de Alcobaça IGP, correspondente à ponderação das quantidades vendidas de todas as oito variedades que fazem parte da IGP e da evolução dos seus custos de produção nas duas últimas campanhas, demonstrando que nos últimos dois anos “o preço médio de venda aumentou apenas 8%”, enquanto a inflação dos custos de produção foi de 40%.
De acordo com a associação representativa do setor, os custos de produção no campo sofreram, nesse período, aumentos de 19,7% nos salários, 75% nos fertilizantes, 45,8% nos produtos fitofarmacêuticos e biotécnicos, 83,8% no gasóleo agrícola e 21% noutros custos diversos.
Estes valores “referem-se aos quatro principais fatores de produção frutícola que representam, no campo, cerca de 80% de todo o custo de produção”, refere a APMA num comunicado em que dá nota que a estes custos se juntam os custos administrativos, os de controle e certificações, de seguros e seguros colheitas, de manutenção de equipamento, de amortizações, energia e regas e custos financeiros, os quais “registaram ainda um aumento no período em análise de 21%”.
A ponderação da totalidade dos custos referidos “considerando a incidência de cada um, nas últimas duas campanhas proporcionaram um aumento médio de produção no campo da ordem dos 35%”, refere o comunicado que dá também nota do aumento dos custos registados pós-colheita em central fruteira.
No salários, o aumento foi de 19,7%, nas embalagens 35,0%, na energia elétrica 394,0%, no gasóleo rodoviário 36,5% e noutros custos diversos 28,0%.
Na ponderação das cinco rubricas pós-colheita a APMA constata “um aumento de custo vertiginoso e assustador próximo dos 50%, ainda superior aos custos de produção no campo”.
Contas feitas, “facilmente e tristemente se verifica que o aumento da totalidade dos custos de produção e processamento de maçã de Alcobaça IGP, nas duas etapas produtivas, oscila entre os 38 e os 44%”, esclareceu a APMA, reiterando que “o aumento dos preços médios de venda do fruto, nos últimos dois anos, foi de apenas 8% para todo o universo de variedades, de destinos e de diferentes níveis de qualidade”.
Números que a APMA considera que devem preocupar “a opinião pública e os consumidores que preferem a qualidade portuguesa”, já que “a não se recuperar o equilíbrio dos custos com o preço, a produção deste tipo de alimentos vive em regime de insustentabilidade, o que a continuar dificultará ainda mais a produção dos mesmos e a oferta para a alimentar os portugueses”.
A “inflação esperada dos preços ao consumidor para este tipo de produtos, não pode corresponder à inflação média nacional, mas deveria corresponder à inflação específica dos custos de produção dos fruticultores, o que não se está a verificar, para enorme prejuízo e desmotivação da produção”, pode ler-se no comunicado.
Assim, alerta a APMA, “quem ainda tem dúvidas de onde está a razão ou origem dos aumentos dos preços tenha em atenção esta realidade e esteja atento aos setores de atividade que irão registar maiores aumentos de lucros no fecho das contas do ano”.
Ao contrário desses setores, conclui a APMA, “as famílias e empresas produtoras e de processamento exclusivo de Maça de Alcobaça IGP vão apresentar os piores resultados dos últimos 20 anos” com a larga maioria a ” apresentar prejuízos e algumas delas prejuízos significativos”.
A APMA é a entidade gestora da Indicação Geográfica Protegida “Maçã de Alcobaça” tendo como associados, empresas e organizações de produtores que produzem este fruto entre Leiria e Torres Vedras. Os associados da APMA são responsáveis pela criação de cerca de 2.500 postos de trabalho e por um volume anual de negócios de cerca de 50 milhões de euros.
DA // EA