A cidade de Nápoles, no sul de Itália, é conhecida por ser o berço de uma das multinacionais mais bem sucedidas do negócio do tráfico de droga. Falamos da Camorra, uma das mais antigas organizações mafiosas do país.
Mas isso não assustou a Apple, que decidiu instalar num subúrbio da cidade a sua primeira academia europeia de desenvolvimento do IOS, o sistema operativo da criadora do iphone. “Vamos a lugares onde ninguém achou que era possível”, referiu Lisa Jackson, uma das responsáveis da gigante norte-americana, durante a cerimónia de abertura, em meados de outubro.
O centro da Apple localiza-se na universidade Federico II, inaugurada em 1225 e, portanto, uma das mais antigas do mundo. A academia oferece um curso, gratuito, lecionado em língua inglesa e com a duração de nove meses, com o objetivo de fornecer aos alunos as ferramentas necessárias para que estes possam, posteriormente, criar as suas próprias aplicações IOS.
Num período de 11 dias, a academia recebeu 4 mil candidaturas, tendo aceite 200. No próximo ano, a Apple pretende duplicar o número de estudantes, que podem ser originários de qualquer parte do mundo. Cada um deles receberá, gratuitamente, um iphone, um ipad e um Macbook.
É assim que Silicon Valley chega a San Giovanni a Teduccio, um bairro que já foi bem mais perigoso, mas que rejuvenesceu nas últimas décadas, como sublinha o jornal The Economist.
O investimento da Apple numa das zonas mais deprimidas de tália (na região de Campania, da qual Nápoles é a capital, o desemprego jovem atinge os 53%) acontece numa altura em que a multinacional americana se vê a braços com uma pesada multa imposta pela União Europeia: a Apple terá de devolver à Irlanda cerca de 12 mil milhões de euros que recebera indevidamente em forma de benefícios fiscais.