O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, apelou hoje à chanceler Angela Merkel, considerando numa entrevista ao jornal alemão Bild que ela “tem a chave” para resolver a crise atual.
“Os chefes de governo da União Europeia devem agir. E entre eles (Angela Merkel), enquanto representante do país mais importante, tem a chave, espero que a utilize”, declarou o ministro grego, adiantando que o seu governo está “aberto a novas propostas das instituições” após o fracasso das negociações em Bruxelas no sábado.
Os ministros das Finanças da zona euro recusaram prolongar uma semana o programa de ajuda em curso, que termina a 30 de junho.
A chanceler alemã, Angela Merkel, reunir-se-á na segunda-feira com os líderes dos partidos políticos com assento parlamentar e com os responsáveis dos grupos parlamentares para analisar a crise grega, informou o diário Bild.
Segundo o jornal, que cita fontes da coligação no governo, o encontro realizar-se-á ao meio-dia e Merkel explicará aos líderes políticos alemães o desenvolvimento dos acontecimentos após o fracasso das negociações entre Atenas e os parceiros europeus.
O diário económico Handelsblatt informou que durante o dia de hoje os países membros do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) têm prevista uma conferência telefónica, a nível de secretários de Estado, para analisar a situação.
O governo grego vai organizar a 5 de julho um referendo sobre a proposta dos credores (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia), que impõe reformas e cortes orçamentais em troca de um resgate, e recomenda que se vote “não”.
Mas se as instituições apresentassem novas propostas e elas fossem “bem melhores” que as de quinta-feira “poderíamos a qualquer momento alterar a nossa recomendação e propor aos eleitores que as aceitassem”, disse Varoufakis numa entrevista que o Bild vai divulgar na segunda-feira e da qual divulgou extratos este domingo.
O governo de Alexis Tsipras, que chegou ao poder com uma mensagem anti-austeridade, recusa nomeadamente a reforma das pensões exigida pelas instituições.
Os gregos e em particular Varoufakis já “passaram a bola” muitas vezes a Merkel, líder da maior economia da Europa e que negociou diretamente com Tsipras nas últimas semanas.
Mas ainda que queira evitar a implosão da zona euro e da União Europeia, a chanceler tem de prestar contas a um eleitorado cada vez com menor disposição para a Grécia, que já recebeu mais de 200 mil milhões de euros em empréstimos garantidos pelos seus parceiros europeus e pelo FMI.