Com apenas 3 meses decorridos, podemos desde já antecipar que 2011 ficará marcado na história como um ano singular. No Japão, os “desafios” da natureza de pesadas proporções e a falha humana no controlo do ambiente nuclear, acarretam desde já consequências humanas terríveis e constituem mais uma ameaça à recuperação económica global e poderão ainda ter mudado o futuro do mercado energético. Em 17 de Janeiro de 1995, um sismo de 7,2 graus na escala de Richter abalou a cidade de Kobe, um importante centro económico no Japão. O tremor de terra, que durou “apenas” 20 segundos, causou 4571 vítimas mortais e 14678 feridos. O impacto do “Terramoto de Kobe” provocou uma queda de 26% no principal índice accionista nipónico em 6 meses e uma valorização de 20% no iene nos 3 meses que se seguiram à catástrofe. Depois, ambas as tendências reverteram de forma agressiva. Em 11 de Março de 2011, um sismo com uma magnitude de 8,8 graus, sacudiu o norte do Japão, sendo seguido de um tsunami que varreu uma larga extensão da costa no Japão e percorreu mais de 10km de terra e despoletou depois um desastre nuclear de consequências ainda desconhecidas. Um balanço provisório aponta para cerca de 13.000 vítimas mortais já confirmadas e cerca de 15.000 desaparecidos. Trata-se do pior desastre no Japão desde a 2.ª Grande Guerra Mundial. As regiões mais directamente afectadas representam 6,2% do PIB nipónico e 6,8% da população total do país. Seguir-se-á ao desastre natural e nuclear um desastre económico? Fará esta crise emergir alguma oportunidade? A extensão do impacto destes eventos na economia japonesa é difícil de antecipar. Quatro consequências mais imediatas, parecem-nos por agora mais prováveis:
1. Um impacto negativo no crescimento de 2 a 3%. Este impacto poderá ser seguido de uma recuperação posterior, devido ao esforço de reconstrução, mas depende por agora em grande medida da ameaça nuclear pendente;
2. Um iene forte e um cenário de deflação, deverão encorajar o Banco central do Japão a aumentar a liquidez na economia, para suster a quebra no crescimento e promover a reconstrução;
3. O rácio da dívida externa face ao PIB deverá permanecer acima dos 200% em 2011, consequência do esforço de financiamento da reconstrução. Como os níveis da dívida já se encontram próximos desse patamar, a “fotografia” não deverá deteriorar-se muito mais para o mercado de crédito japonês. Também neste ponto de vista, a ameaça central reside no impacto da “questão nuclear” sobre o futuro das empresas nipónicas;
4. O iene deverá num período inicial valorizar-se em consequência dos fluxos de repatriação relacionados com o fim do ano fiscal e com as necessidades de financiamento imediatas. Mais tarde, num horizonte temporal de 6 a 12 meses, quando o afluxo de ienes “secar” e os diferenciais de taxas de juro aumentarem a favor de outras moedas de referência (em particular dólar e euro), o iene japonês deverá enfrentar um novo ciclo de quebra, num contexto global de “carry trade” (operação de acordo com a qual os investidores se financiam em moedas com taxas de juro relativamente baixas para posteriormente efectuarem aplicações em moedas com taxas de juro superiores, implicando a venda da moeda “mais fraca”).
A maior ameaça deverá continuar a ser a questão nuclear. Será o Japão capaz de conter o risco onde ele se encontra actualmente ou tornar-se-á a situação num verdadeiro pesadelo global, com extensas áreas interditas por um longo período de tempo? O Japão depende do seu sector nuclear para cerca de 35% das suas necessidades energéticas. Independentemente de se alcançar o controlo da ameaça nuclear, o Japão deverá procurar alternativas energéticas, sendo na opinião mais generalizada o gás natural a mais óbvia e imediata solução.
Como já temos realçado em diversos momentos, é nas circunstâncias de maior incerteza que surgem as melhores oportunidades de investimento e se constroem as maiores fortunas. Uma oportunidade de investimento poderá estar presente no “Gás Natural”; Outras oportunidades poderão resultar, nomeadamente, do investimento na queda dos mercados.
A sofisticação dos mercados financeiros no presente, para o bem e para o mal, permitem aos investidores valorizar ou desvalorizar a sua carteira de investimentos de forma independente da evolução do preço das acções.No curto/médio prazo, a equipa de gestão da Altavisa prevê que o cenário mais favorável à valorização dos nossos investimentos será um contexto de incerteza e falta de confiança dos investidores e agentes económicos. Os nossos principais investimentos no presente pretendem beneficiar desse cenário, que antecipamos como muito provável e iminente. Isto é, pretendemos valorizar a carteira dos nossos investidores, num cenário de queda dos principais índices accionistas.
Existe um ditado nas Bolsas que diz: “O preço das acções sobe pelas escadas e desce pelo elevador”.
Fique atento e ágil!
Bons investimentos.