O selecionador português de futebol, Fernando Santos, perspetivou hoje uma “batalha forte, dura” por uma vaga nos oitavos de final do Mundial2018, quando Portugal defrontar o Irão na segunda-feira.
“Vai ser muito duro. As equipas vão dar tudo. Querem vencer. Procuram honrar a sua camisola e vai ser extraordinariamente difícil para ambos. O meu colega [Carlos Queiroz] quer ganhar e eu também. Tenho a certeza de que vai ser uma batalha forte, dura, e temos de estar preparados para isso”, advertiu.
Na antevisão ao desafio da terceira e última jornada do grupo B, Fernando Santos assumiu conhecer “perfeitamente as características do jogo” de Irão, motivo pelo qual antevê um embate bastante complicado.
“Temos os dois condições para chegar aos oitavos de final. Ambos queremos muito isso. Vamos tentar provar em campo que temos qualidade e capacidade para vencer. Sabemos muito bem das dificuldades, pois o Irão é excelente equipa, em minha opinião a melhor da Ásia”, vincou.
A sustentar a opinião, o timoneiro luso recordou a campanha imaculada da formação orientada por Queiroz, que em 10 partidas no apuramento permitiu apenas um empate e dois golos, no 2-2 com a Síria, em casa, na última ronda, quando a qualificação já estava garantida.
“Mostra mais-valia. [O Irão é] muito bem organizado, estrategicamente forte, com jogadores de qualidade e com experiência em campeonatos europeus, e estão pela segunda vez consecutiva no campeonato do Mundo. Com Marrocos e Espanha mostraram a sua capacidade, com duas belíssimas exibições”, recorda, no êxito 1-0 sobre os norte-africanos e na derrota pelo mesmo resultado com o rival ibérico.
Fernando Santos avisa que não é apenas a “organização defensiva” a ditar a valia do desempenho dos persas: “Sabem sair muito bem no contra-ataque. Quando têm bola sabem jogar, foi o que fizeram”.
O técnico não dá importância à diferença de ranking entre Portugal (4.º) e Irão (37.º), considerando que estas comparações levam muitas vezes a desvalorizar oponentes que não podem ser menosprezados.
“Os jogos neste Mundial têm mostrado isso. Todas as equipas do mundo são muito bem trabalhadas, com jogadores muito experientes, muitos deles a atuar na Europa, com treinadores de muita qualidade. O Irão tem este treinador há seis anos, já fizeram o Mundial2014 do Brasil. Temos de o respeitar, se temos ambição de ir mais longe”, frisou.
Portugal e Espanha lideram o grupo B com quatro pontos, enquanto o Irão de Carlos Queiroz tem três, e Marrocos, já afastado, ainda não pontuou.
Portugal e Irão defrontam-se na segunda-feira na Arena de Saransk às 21:00, 19:00 em Lisboa, em partida dirigida pelo árbitro paraguaio Enrique Cáceres.
Carlos Queiroz: “Não estamos cá para ser uns simpáticos perdedores”
O selecionador do Irão, o português Carlos Queiroz, afirmou hoje que a equipa que dirige não está no Campeonato do Mundo de futebol “para ser um simpático perdedor”.
O técnico luso disse que o Irão se vai bater com “toda a dignidade” no duelo desta segunda-feira com Portugal, na terceira jornada do grupo B do Mundial da Rússia, dignificando o país que representa.
“Viemos para competir com dignidade e trazer felicidade e orgulho aos adeptos iranianos, tentando fazer sempre melhor. Não estamos cá para ser uns simpáticos perdedores”, avisou Carlos Queiroz.
O Irão surge para esta partida com três pontos no grupo B, depois da vitória sobre Marrocos e a derrota com Espanha, e ainda com possibilidades de se apurar para os oitavos de final da competição, caso vença o duelo com Portugal.
“É um privilégio e uma honra estar nesta fase da prova sabendo que ainda estamos vivos e a lutar pelos sonhos, com esperança e empenho para conseguir uma qualificação histórica”, disse Queiroz.
O selecionador iraniano considerou que Portugal “é um poderoso candidato a ganhar a competição e um dos favoritos”, mas salientou que a sua equipa “aprendeu com os erros cometidos contra Marrocos e Espanha, e vai querer ser melhor”.
“Será o jogo mais difícil para nós, porque o Fernando [Santos] vem com os ‘bichos’ à solta e podem nos morder a qualquer momento”, disse, sorridente, Carlos Queiroz, recuperando uma analogia: “Vamos jogar com a nossa filosofia baseada nos três ‘R´s’: Respeito pelo adversário, realismo por estamos a jogar contra uma das seleções mais fortes do mundo e romantismo para basearmos o nosso jogo nos valores de equipa, do trabalho, bravura, integridade e honestidade.”
O selecionador do Irão não hesitou em qualificar a equipa das ‘quinas’ como “uma das mais fortes do mundo”, lembrando o leque de opções do “amigo Fernando Santos”.
“Além dos 23 que cá estão, Portugal deixou ainda ficar de fora jogadores como Nani, Éder, Nélson Semedo, André Gomes, João Cancelo ou Ronny Lopes. Digam-me quantas são as seleções do mundo que se podem permitir abdicar de atletas desta qualidade”, analisou.
Como português, Carlos Queiroz admitiu que, a nível pessoal, o duelo desta segunda-feira com a seleção lusa “será especial”, mas sublinhou, de forma bem disposta, o seu profissionalismo.
“Temos amigos de um lado e do outro, mas, como se costuma dizer ‘amigos, amigos, futeboladas à parte’. É um pouco como aqueles jogos entre amigos, ao domingo, em que cada um vai tentar ganhar. Tudo por respeito ao futebol e honestidade com os adeptos”, afirmou.
Apesar de conhecer bem as características de Cristiano Ronaldo, o técnico do Irão, não ‘levantou o veú’ sobre a forma de travar o capitão português, embora admitindo que “se jogar com Marrocos e Espanha é difícil, enfrentar Portugal será ainda mais complicado”.
“Jogar contra Cristiano é algo motivante para todos os jogadores, vamos tentar fazer o nosso melhor. Não viemos ao Mundial para ter adversários fáceis. Sabemos que Portugal luta por obrigações, e tem tudo a perder, e nós [Irão] temos apenas sonhos, e vamos tentar desfrutar o mais possível deste jogo”, concluiu.